Resumo

O arroz parboilizado representa cerca de 20% do total consumido no Brasil e gera 2L de efluente por quilo de arroz processado, contendo aproximadamente 100 mg L-1 de fósforo. O cultivo de leveduras neste efluente demonstrou a necessidade de uma fonte complementar de carbono para melhorar a sua eficiência de crescimento. Saccharomyces boulardii é uma levedura com efeito probiótico e prebiótico comprovado. Estudos anteriores de cultivos da levedura Pichia pastoris X-33 no efluente gerado na parboilização de arroz adicionado de glicerol residual de biodiesel mostraram resultados promissores na remoção de fósforo . O objetivo deste trabalho foi quantificar a viabilidade celular e a remoção de fósforo do efluente gerado na parboilização do arroz, através do cultivo de S. boulardii. Os cultivos foram realizados em duplicata, testando cinco diferentes meios para o cultivo de S. boulardii: 1) efluente; 2) efluente contendo 1% de sacarose; 3) efluente contendo 3% de sacarose; 4) efluente adicionado de 15 g.L-1 de glicerol de biodiesel e 5) meio de cultivo comercial (YM). O pré-inóculo foi produzido em meio YM, a 28 °C e 130 rpm. Os cultivos foram feitos em agitador orbital, a 130 rpm e 28 °C, durante 48 h. Foram feitas coletas de amostras em 0 h, 4 h, 8 h, 12 h, 15 h, 24 h e 48 h para determinar a viabilidade celular, pela contagem de unidades formadoras de colônias (UFC.mL-1) em placas de YM sólido. Os sobrenadantes dos cultivos foram usados para a quantificação de fósforo em 0 h e 24 h. O crescimento celular foi superior nos cultivos contendo sacarose ou glicerol, em relação ao cultivo contendo apenas efluente. Destacaram-se os cultivos complementados com sacarose, que permitiram atingir viabilidade celular de 2,4 x 108 UFC. mL-1, semelhante à produzida em meio comercial (2,7 x 108 UFC.mL-1). Em concordância, os meios com sacarose proporcionaram também as maiores taxas de remoção de fósforo, com remoção média de 72% e 76% nos meios contendo sacarose 1% e 3%, respectivamente, valores próximos ao exigido pelo órgão local de fiscalização ambiental (FEPAM). Concluiu-se que a adição de sacarose como fonte de carbono ao efluente, possibilita o cultivo do probiótico S. boulardii nos mesmos níveis que a produção em meio comercial, além de apresentar remoção de fósforo próxima à exigida pelo órgão ambiental à indústria fornecedora do efluente.