27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:1669-1


Poster (Painel)
1669-1Avaliação dos metabólitos e da taxa de mutagenicidade durante a degradação do corante têxtil Preto Reativo 5 pelo fungo marinho Peniophora sp. CBMAI 1063
Autores:Bonugli-Santos, R.C (CPQBA/UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas) ; Vieira, G.A.L. (UNESP - Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho) ; Collins, C. (LIT - Limerick Institute of Technology) ; Fernandes, T.C.C. (UNESP - Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho) ; Morales, M.A.M. (UNESP - Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho) ; Murray, P. (LIT - Limerick Institute of Technology) ; Berlinck, R.G.S. (USP - Universidade de São Paulo) ; Sette, L.D. (UNESP - Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita FilhoCPQBA/UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas)

Resumo

O potencial biotecnológico dos fungos marinhos vem crescendo nos últimos anos, principalmente em processos de degradação de poluentes ambientais em condições salinas, os quais incluem os corantes e efluentes têxteis. Contudo, os mecanismos biológicos podem ser complexos e muitas vezes a taxa de mutagenicidade destes efluentes pode ser aumentada durante o processo de degradação. Neste sentido, o fungo marinho Peniophora sp. CBMAI 1063, previamente selecionado devido à alta eficiência na descoloração do corante têxtil Preto Reativo 5 (PR5), foi submetido a estudos de degradação do corante PR5, incluindo os possíveis metabólitos formados (cromatografia líquida acoplada a espectrômetro de massa, LC-MS) e análises de toxicidade por meio da avaliação de mutagenicidade (teste de AMES, Salmonella typhimurium TA98 e TA100) ao longo do processo de degradação. O fungo Peniophora sp. CBMAI 1063 foi inoculado no meio de cultivo otimizado contendo extrato de malte, farelo de trigo, salinidade de 1,2% e pH 6,25 e após 72 h de incubação (28 ºC e 140 rpm) 200 mg/L do corante PR5 foi adicionado ao meio, sendo o ensaio incubado por 7 dias. Os resultados sugerem que provavelmente a degradação ocorreu em duas fases. Na 1º fase a concentração de corante diminuiu rapidamente em 24 h (80% degradação), e a cor manteve-se púrpura, sendo que na 2º fase a concentração do corante diminuiu lentamente até torna-se descolorida (98%). As análises MS identificaram a presença principal de compostos com massa de 201 e 280 m/z, possivelmente compostos conhecidos como p-Base e TAHNDS, que possuem o grupo NH2 resultante da quebra da molécula do corante. O presente trabalho reporta pela primeira vez a presença destes compostos na degradação do corante PR5 por fungo filamentoso, os quais devem ser resultantes de uma eficiente oxidação via atividade enzimática do fungo marinho Peniophora sp. CBMAI 1063. Cabe destacar, que na presença do corante PR5 este fungo apresentou produção de enzimas ligninolíticas, principalmente de manganês perxidase (MnP). No teste de AMES nenhuma das amostras avaliadas obteve razão de mutagenicidade significativa e diferença estatística no teste ANOVA, indicando que o corante sem tratamento e os metabolitos gerados não apresentam riscos mutagênicos, mesmo depois da metabolização pela fração S9. O fungo Peniophora sp. CBMAI 1063 foi capaz de degradar 98% do corante têxtil PR5 em condições de salinidade e sem a geração de compostos mutagênicos. Frente aos resultados obtidos, Peniophora sp. CBMAI 1063 pode ser considerado um organismos alvo para biorremediação de áreas ou processos impactados com o corante PR5, evidenciando o potencial biotecnológico dos fungos marinhos, principalmente em aplicações onde os seus parceiros terrestres apresentam deficiência, como é o caso dos processos salinos e/ou alcalinos.