Resumo

Cão, macho, 11 anos e SRD foi trazido ao Hovet da UFMT, apresentando alopecia e vermelhidão na região da cabeça, extremidade da cauda, face medial dos membros posteriores e região proximal dos membros anteriores. O animal foi tratado durante 30 dias com xampu a base de cetoconazol e gliconato de clorexidina sem melhora, sendo instituido um novo tratamento com xampu a base de óleo de melaleuca. Um mês após o novo tratamento prescrito, o animal não manifestou melhora e começou a apresentar hemorragia na lesão da cauda. Foi realizado biópsia desta região e encaminhado para exames microbiológico e histopatológico. O material foi semeado em Ágar sangue e Mac Conkey a 37°C e Agar Sabouraud dextrose com e sem cloranfenicol a temperaturas de 30°C e 37°C por 7 dias. No exame histopatológico foi realizado coloração de H&E, e Metenamina Grocott. Na análise microbiológica observou-se estruturas leveduriformes distintas apenas no cultivo a 30°C. Na análise histopatológica foram observadas estruturas morfologicamente sugestivas de basidiomicetos (Rhodotorula). As duas leveduras evidenciadas no ágar Sabouraud, tiveram seus DNAs extraídos e sequenciados. O resultado do sequenciamento identificou as leveduras Cryptococcus zeae ( GenBank JX307260) e Rhodotorula glutinis (GenBank JX307259). Então um novo tratamento foi instituído, a base de 200 mg de cetoconazol via oral/SID. Não havendo resultados a proprietária retornou o animal e este se apresentava-se muito prostrado, alimentando-se pouco, com uma massa de 14x13x14,5 cm na região subescapular direita e linfadenomegalia generalizada. Novos exames foram realizados: hemograma, biópsia da massa, citologia do linfonodo poplíteo através de punção aspirativa, radiografia torácica, ultrassonografia abdominal, hemocultura e punção de medula. Apenas as proteínas plasmáticas estavam aumentadas com diagnostico histopatológico de osteossarcoma. e PCR positivo para Leishmania infantum chagasi. O animal foi mantido sob fluidoterapia de suporte, com antibióticos e vitaminas sem melhoras e seu quadro evoluiu à óbito. O Cryptococcus zeae atualmente reclassificado como Hannaella zeae foi isolado pela primeira vez na Áustria em 2005, oriundo de cultivos de milho e amostras intestinais de insetos. Desde então não encontramos mais relatos do isolamento deste microrganismo. Já a o gênero Rhodotorula sp. está associado com quadros de imunossupressão em humanos e animais, embora não existam relatos com a espécie R. glutinis.