Resumo

As proteínas de choque frio pertencem a uma família de proteínas com um domínio altamente conservado, denominado domínio de choque frio (CSD). Estão envolvidas em vários processos celulares, incluindo adaptação a baixas temperaturas, estresse nutricional e fase estacionária. Em C. crescentus, uma α-proteobactéria, não patogênica, as proteínas de choque frio CspC e CspD possuem dois domínios de choque frio e são induzidas durante a fase estacionária. A ausência de cspC provoca a sensibilidade à baixa temperatura, peróxido de hidrogénio e a superóxido e também provoca uma deficiência grave em adaptação na fase estacionária, e a linhagem mutante mostra alterações morfológicas durante esta fase. Este estudo tem como objetivo determinar os alvos de cspC, sua função no metabolismo de RNA e estudar os mecanismos moleculares de regulação gênica via cspC. Para estudar os alvos regulatórios de cspC foi realizada uma análise transcricional global, onde se verificou que a ausência de cspC afeta a transcrição de 87 genes, dos quais 20 genes são substancialmente afetados (> 6 vezes) em comparação com a linhagem parental NA1000. Na fase estacionária 38 genes foram menos expressos e 21 genes foram mais expressos em relação a linhagem parental NA1000. Na fase exponencial um total de 28 genes têm a transcrição afetada, sendo que 23 genes estão menos expressos. As validações feitas por qRT-PCR e ensaios da atividade de β-galactosidase confirmam que cspC afeta a expressão de doze genes na fase estacionária. Estes dados apontam que além da resposta ao estresse oxidativo, cspC também está envolvido em outras funções celulares. Para testar a hipótese de que CspC pode alterar a estabilidade de mRNAs, assim como CspA de E. coli, os níveis de mRNA de dois genes com funções distintas foram medidos por qRT-PCR e os resultados preliminares indicam que cspC altera a estabilidade destes mRNAs.