27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:1600-1


Poster (Painel)
1600-1DESEMPENHO DE LEVEDURAS PRODUTORAS DE ETANOL EM HIDROLISADO HEMICELULÓSICO DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR SEM PRÉVIA DESTOXIFICAÇÃO
Autores:Vicente, F.M.C.F. (EEL/USP - Escola de Engenharia de Lorena) ; Silva, D. D. V. (EEL/USP - Escola de Engenharia de Lorena) ; Arruda, P.V. (EEL/USP - Escola de Engenharia de Lorena) ; Sene, L. (UNIOESTE - 2Universidade Estadual do Oeste do Paraná) ; Mutton, M. J. R. (UNESP-JABOTICABAL - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticaba) ; Silva, S. S. (EEL/USP - Escola de Engenharia de Lorena) ; Felipe, M. G. A. (EEL/USP - Escola de Engenharia de Lorena)

Resumo

A obtenção de etanol a partir de biomassas lignocelulósicas tem sido estudada para aumentar a produção deste biocombustível e suprir a demanda do mercado por substitutos dos combustíveis fósseis. Para o sucesso desta tecnologia de produção de etanol, dentre vários fatores, é importante que se tenha micro-organismos capazes de suportar as condições impostas pelo meio, a exemplo dos hidrolisados lignocelulósicos, que contêm além de açúcares, compostos inibitórios à atividade microbiana oriundos do processo hidrolítico. No caso do hidrolisado hemicelulósico de bagaço de cana, este contém como principal carboidrato xilose e em menores quantidades arabinose e glicose, além de compostos tóxicos como hidroximetilfurfural (HMF), furfural, ácido acético e fenóis. A presença destes tóxicos acarreta em inibição do crescimento celular com consequente perda do desempenho fermentativo, o que resulta na necessidade de uma etapa de destoxificação. Alternativa a este procedimento é a disponibilidade de linhagens que tenham um bom desempenho fermentativo sem a necessidade de destoxificação do hidrolisado. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a tolerância de Pichia stipitis NRRL Y-7124, Kluyveromyces marxianus ATCC 36907 e um isolado industrial de Saccharomyces cerevisiae (Pedra 2) à toxicidade do hidrolisado hemicelulósico de bagaço de cana não destoxificado (g/L) xilose: 12,0; glicose: 0,46; arabinose: 1,4; ácido acético: 2,68; furfural: 0,046; HMF: 0,002; fenóis totais: 2,87. O cultivo foi realizado após a suplementação do hidrolisado com sulfato de amônio, cloreto de cálcio, peptona e extrato de levedura, em frascos Erlenmeyer, pH inicial 5,5 a 30 °C, 200 rpm por 24h. De acordo com os resultados, das 3 linhagens avaliadas, todas foram capazes de crescer no hidrolisado não destoxificado, observando-se melhor desempenho de K. marxianus, devido ao maior consumo de xilose (72,5%) em relação a P. stipitis (32,5%), já que S. cerevisiae naturalmente não consome esta pentose. Também para todas as leveduras, o etanol foi encontrado como produto do metabolismo, ressaltando que para K. marxianus o xilitol foi o principal produto. Os resultados, embora preliminares, são promissores tendo em vista a opção de aproveitamento do hidrolisado hemicelulósico sem destoxificação. Para tanto, novas pesquisas estão sendo realizadas para se entender possíveis mecanismos de tolerância, além de se avaliar a condução do processo e/ou suplementação do hidrolisado visando a melhoria do desempenho.