Resumo

Staphylococcus saprophyticus é o segundo agente associado às infecções de trato urinário (ITU) em mulheres jovens e sexualmente ativas. Estas infecções monoclonais envolvem a participação de clones disseminados na comunidade. No entanto, existem poucos estudos sobre colonização por S. saprophyticus. Embora as taxas de ITU por S. saprophyticus em gestantes sejam baixas, esta população possui a faixa etária e registro de atividade sexual que viabilizam este estudo. Desta forma, o objetivo do trabalho foi analisar a diversidade clonal em amostras de colonização de S. saprophyticus em gestantes, determinar a susceptibilidade aos antimicrobianos e comparar as amostras obtidas com cinco clones determinados por eletroforese em campo pulsado (PFGE) descritos em ITU no Rio de Janeiro em 2006. A coleta foi obtida de sítio vaginal e retal de gestantes em uma Maternidade-escola do Rio de janeiro, no período de agosto/2011 a abril/2013. Múltiplas colônias de cada paciente foram coletadas do meio manitol salgado contendo 100μg de novobiocina, identificadas e submetidas à técnica de PFGE. A susceptibilidade foi determinada por método de disco-difusão. De um total de 592 gestantes, 21 (3,5%) apresentaram colonização por S. saprophyticus, totalizando 61 colônias. A análise das múltiplas colônias revelou o agrupamento de genótipos com perfis indistinguíveis. Amostras com até duas bandas de diferença foram incluídas num mesmo genótipo como subtipos diferentes. Nestes casos, os perfis de susceptibilidade variaram de acordo com o subtipo. Na comparação por gestante, os clones A, B e E de ITU foram encontrados. O agrupamento do clone B e de mais dois genótipos foi observado em amostras de diferentes gestantes. Resistência foi observada para eritromicina (57%), clindamicina-induzida (28,5%), penicilina (28,5%), sulfametoxazol-trimetoprim (24%), nitrofurantoína (5%) e norfloxacina (5%). Dentre os clones de ITU, o clone B, resistente a três antimicrobianos em 2006, foi totalmente susceptível no presente estudo. Os dados obtidos sugerem que a colonização por S. saprophyticus é monoclonal e que perfis de susceptibilidade podem ser variáveis por subtipo. A presença de clones de ITU no estudo atual revela a persistência temporal de S. saprophyticus no Rio de Janeiro. Um mesmo genótipo presente em diferentes pacientes sugere uma fonte comum para a aquisição deste microrganismo.