Resumo

A produção de Cryptococcus neoformans e C. gattii como Materiais de Referência Certificados (MRC) é de suma importância já que esses fungos serão utilizados pela Rede de Laboratórios de Referência Nacional em Micose Sistêmica na verificação do controle de qualidade dos meios de cultura usados no diagnóstico da criptococose. A criptococose é uma infecção fúngica de grande letalidade se apresentando, principalmente sob a forma de meningoencefalite. Uma das dificuldades dos laboratórios brasileiros é a indisponibilidade de MRC biológico no mercado nacional. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo produzir dois lotes piloto de C. neoformans INCQS-MRC 40323 e C. gattii INCQS-MRC 40324 como MRC para utilização em ensaios clínicos, a fim de contribuir para o avanço da produção de MRC biológico. A produção dos MRC seguirá as orientações dos guias da série 30 e incluirá todos os requisitos necessários para a produção. A produção dos lotes será realizada utilizando a técnica de liofilização de acordo com o descrito no POP INCQS 65.3230.014, com modificações na metodologia para obtenção da quantidade de células desejadas ao final do processo. Os MRC terão dois valores de propriedade, a identidade do micro-organismo e a quantidade de células ao final da liofilização que deve ser menor que 100 UFC por alíquota. Para a avaliação da homogeneidade foi realizado a quantificação de 10 unidades de cada lote de MRC preparado, selecionados aleatoriamente. Os estudos da estabilidade em curto e longo prazo estão sendo realizados conforme as orientações do ABNT ISO GUIA 35. O teste de estabilidade em longo prazo foi realizado semanalmente no primeiro mês, quinzenalmente nos dois meses seguintes e após esse período, está sendo realizado mensalmente até o fim de um ano. O teste de estabilidade em curto prazo foi realizado em três temperaturas por um período de sete dias. Os lotes de MRC produzidos se apresentaram homogêneos e estáveis, até o quinto mês, à temperatura de estoque de –20ºC. Durante a realização do teste de estabilidade em curto prazo, os materiais se mantiveram estáveis a 4, 25 e 35ºC por sete dias. Esse projeto desenvolvido pelo Acervo de Fungos da Coleção de Micro-organismos de Referência em Vigilância Sanitária contribuirá para posterior produção de um lote em larga escala que lançará a Fiocruz como pioneira na produção de MRC na área microbiológica no Brasil.