Resumo

A preservação de fungos permite a disponibilidade da cepa a qualquer momento. A escolha do método depende dos recursos disponíveis no laboratório, do tempo de preservação pretendido, espécie de fungo etc. Podem ser utilizados métodos a baixas temperaturas com a adição de crioprotetores como o glicerol. Este trabalho tem o objetivo de testar a sensibilidade de fungos de solo tropical e antártico a baixas temperaturas com e sem a adição de glicerol durante 6 meses. Foram utilizados 14 fungos mantidos em coleções no Laboratório de Microbiologia Molecular do CSL-UFSJ, sendo os fungos "F" isolados de solo do Campus e fungos "FA" isolados de solo antártico. Foram utilizados 7 fungos "F" (F1 a F5, F11 e F12) e 7 fungos "FA" (FA1 a FA7). Os fungos foram crescidos previamente em meio Agar Sabouraud Dextrose (SDA). Três conjuntos de cinco discos retirados das colônias foram acondicionados em três microtubos de polipropileno de 1,5µl e submetidos aos tratamentos de preservação, que consistiram na ausência ou presença de glicerol 50% autoclavado e nas temperaturas de 4ºC e -20°C. Após 6 meses os fungos foram retirados e inseridos na superfície de meio de cultura SDA. A recuperação foi de 100% para todas as condições de temperatura (4ºC ou -20ºC) e presença ou ausência glicerol para os fungos: F1 a F5, F12, FA2, FA4, FA5 e FA7. O fungo F11 não apresentou crescimento após estocagem a 4ºC sem glicerol, apresentando uma recuperação de apenas 13% dos discos após estocagem a 4ºC com glicerol e 100% a -20ºC com e sem glicerol. FA1 apresentou 87% de recuperação após estocagem a 4ºC sem glicerol e 100% em todas as demais condições. FA3 apresentou 93% de recuperação após estocagem a 4ºC e -20ºC com glicerol e 100% nas demais condições. FA6 apresentou 93% de recuperação após estocagem a -20ºC sem glicerol e 73% a -20ºC com glicerol, sendo a recuperação de 100% nas demais condições. Os fungos F2, F4, FA2, FA3 e FA6 estocados sem a adição de glicerol tanto a 4ºC como a -20ºC demoraram mais tempo para iniciar seu crescimento quando comparado com os estocados com adição de glicerol. O mesmo aconteceu com FA5 e F5 a -20ºC sem glicerol e F12 e FA1 a 4ºC sem glicerol. Os resultados demonstraram diferenças de sensibilidade à estocagem em baixas temperaturas entre os fungos testados. Além disso, demonstraram que, para alguns isolados, o glicerol contribuiu para a melhor preservação das características vegetativas das células.