Resumo

A floresta Amazônica é considerada o maior reservatório de diversidade vegetal e animal do mundo, porém, nos últimos anos, tem sido submetida a altas taxas de desmatamento para uso em agricultura e pecuária. Áreas de floresta nativa são desmatadas por meio de corte e queima e então convertidas para seu uso. Este trabalho comparou a diversidade taxonômica e funcional das comunidades microbianas em solos de floresta nativa, área desmatada, agricultura e pastagem. Um total de 80 amostras de solo foram coletadas no início e fim do período chuvoso durante dois anos. O DNA total do solo foi extraído e submetido ao sequenciamento metagenômico por Illumina HiSeq2000. Um total de 487 milhões de sequências foram obtidas, sendo 21-39% anotadas no banco de dados do MG-RAST. A maior parte das sequências foram classificadas como Bacteria (92%), seguidos por Eukaryota (6.5%) e Archaea (1.5%). Em todas as áreas os três filos bacterianos abundantes foram Proteobacteria, Actinobacteria e Acidobacteria. As comunidades de floresta foram claramente distintas taxonômica e funcionalmente dos outros solos, e apresentou menores níveis de alfa diversidade. A abundância relativa de alguns grupos foi alterada em cada uso da terra, assim como algumas funções. Os solos de floresta apresentaram maior abundância dos filos Proteobacteria, Acidobacteria e Verrucomicrobia. A área desmatada apresentou maior abundância de Actinobacteria e Chloroflexi, enquanto os solos de agricultura e pastagem apresentaram maior abundância de Bacteroidetes, Firmicutes e Planctomycetes. Com relação aos aspectos funcionais, os solos de floresta apresentaram maior abundância de genes relacionados ao ciclo dos nutrientes, respiração e fotossíntese. Nos solos desmatados, agricultura e pastagem houve um enriquecimento de sequências ligadas à processos de divisão e ciclo celular, e metabolismo de DNA-RNA-proteína. A análise de network mostrou uma simplificação das correlações entre os organismos nos solos alterados em comparação com o solo não perturbado (floresta). Os dados apontam que a conversão da floresta Amazônica altera a estrutura das comunidades microbianas, afetando atributos funcionais por meio de uma simplificação das correlações entre os organismos. Também, a análise metagenômica mostrou-se uma poderosa ferramenta para uma avaliação mais profunda de como as comunidades microbianas variam de acordo com o uso do solo.