Resumo

Introdução: Dengue é a arbovirose de mais rápida propagação no mundo, constituindo um sério problema de Saúde Pública. Cerca de 70% dos casos notificados nas Américas ocorrem no Brasil e o estado do Piauí por se encontrar em uma região hiperendêmica, tem vivenciado um aumento no número de notificações com formas graves e óbitos. O Dengue virus pertence ao gênero Flavivirus e à família Flaviviridae, possui propriedades antigênicas distintas que caracterizam quatro sorotipos (DENV 1-4). Como a região analisada encontra-se em uma área de cocirculação dos vários sorotipos virais esse estudo propõe analisar o perfil clínico epidemiológico, bem como a evolução da doença e os sorotipos circulantes na região. Materiais e Métodos: Os dados obtidos são de casos suspeitos de dengue notificados, no Piauí, entre os anos de 2006 e 2012 fornecidos pela Coordenação de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde do Piauí, através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN-PI). Resultados e Discussão: Foram observadas altas taxas de incidência da dengue, nos anos de 2007, 2011 e 2012 que correspondem respectivamente a 447,07; 456,71 e 501,28 por 100.000 habitantes. A faixa etária mais acometida pela doença foi em maiores de 30 anos, no entanto em 2007 e 2008 ocorreu um aumento significante do percentual de notificações em crianças menores de 10 anos quando comparado ao ano de 2006, passando de 405 (5,75%) para 2.208 (16,29%) casos em 2007 e 935 (18,04%) casos em 2008. Foi observado um predomínio das formas graves da doença em crianças menores de 10 anos e nos maiores de 30 anos em todo o período analisado, acredita-se que esses fatos estejam relacionados com a recirculação e predominância do DENV-2, no período, e devido às crianças apresentarem uma maior permeabilidade vascular durante a infecção. As análises dos dados epidemiológicos da dengue durante os anos estudados apontam que as altas taxas de incidência coincidem com o perfil de circulação viral além do aumento das taxas de letalidade e a provável cocirculação dos quatro sorotipos virais, no estado, com a introdução do DENV-4, a partir de 2010 no Brasil e em 2011 com descrição no Piauí. Conclusão: Esses dados refletem a real situação de hiperendemicidade que o Estado do Piauí encontra-se. É necessário ampliar o monitoramento da circulação viral do DENV para detecção precoce, estabelecimento de medidas preventivas, controle do vetor e uma maior vigilância virológica para Dengue no Estado.