Resumo

O amplo uso de antibióticos na medicina humana e na produção animal tem resultado no aumento do número de bactérias comensais e patogênicas resistentes a agentes antimicrobianos, o que vem se tornando um dos principais problemas de saúde pública. O ambiente aquático é considerado como o mais eficiente para a seleção de populações bacterianas resistentes, bem como para a troca de genes de resistência por meio de elementos genéticos móveis. Essas populações podem bioacumular-se em animais marinhos como mexilhões e ostras, que são importantes recursos alimentícios. Objetivando avaliar o perfil de resistência a antimicrobianos, 53 cepas de Vibrio spp., isolados de mexilhões Perna perna provenientes da praia de Itaipu, Niterói, RJ foram estudados. As cepas foram submetidas ao teste de resistência pelo método de difusão em disco, realizados conforme as recomendações do NCCLS (2003) e critérios de leitura padronizado pelo CLSI (2010) sendo utilizados 17 antimicrobianos pertencentes a 9 classes diferentes: penicilinas, beta- actâmicos/inibidores de beta-lactamases, cefens, aminoglicosídios, tetraciclinas, fluoroquinolonas, inibidores do ácido fólico e fenicóis. Para todos os antibióticos testados, houve pelo menos uma cepa resistente. Uma cepa mostrou-se resistente a todos os antimicrobianos. Dentre os testados, a tetraciclina foi a mais eficiente com apenas 3 cepas resistentes e 3 apresentando sensibilidade intermediária. Somente uma cepa não apresentou resistência, porém foi observada sensibilidade intermediária para cefotaxima, cefalotina e amoxilina+ácido clavulânico. Baseado nos resultados do presente trabalho pode-se inferir que o consumo de mexilhões provenientes deste local, pode ser um risco para a saúde pública no Rio de Janeiro, tendo em vista a disseminação de enteropatógenos contendo marcadores de resistência relevantes.