Resumo

As penitenciárias trazem riscos adicionais para a doença, com a superlotação, pouca ventilação, condições sanitárias adversas e uso de drogas. Além disso, as frequentes transferências, a demora na identificação de casos e o descuido nos procedimentos de controle também favorecem a disseminação de doenças em prisões. O desenvolvimento de ações para submeter o apenado ao diagnóstico laboratorial da tuberculose (TB), sendo este no momento de ingresso e em buscas ativas periódicas, tornam-se necessárias para o controle da doença no ambiente prisional. O objetivo do estudo foi avaliar o impacto da realização de exames laboratoriais na busca ativa por casos de TB no Presídio Regional de Santa Cruz do Sul( PRSCS). No período de maio de 2012 a junho de 2013 foram encaminhadas para o 13º Laboratório Regional (13º LR) 332 amostras de escarro provenientes de apenados do PRSCS para realização de baciloscopia e cultura para diagnóstico de TB. A baciloscopia e a cultura foram realizadas de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde (MS). Os dados referentes ao período de coleta, resultados, tratamento prévio e HIV foram tabulados em planilha Excel e as análises descritivas foram realizadas em SPSS v20. No período de 26 meses analisados, um total de 332 amostras de escarro, correspondente a 163 pacientes, foram analisadas. Dos pacientes testados, 14(8,6%) relataram tratamento prévio para TB e 4 (2,5%) eram soropositivos para HIV. Do total de amostras testadas, 30 (9%) foram positivas na baciloscipia e 44 (13,3%) positivas no exame cultural. Do total de culturas positivas, 11 (25%) eram paucibacilares. O incremento da positividade ao M. tuberculosis após a realização da cultura foi de 46,6%. Das 31 amostras foram enviadas para realização do teste de susceptibilidade, apenas 1 mostrou-se resistente a Isoniazida. A realização da cultura segundo protocolo do MS consolida-se como uma ferramenta essencial no diagnóstico da TB, tendo em vista o incremento do número de casos detectados. A TB nos presídios constitui-se num sério problema de saúde pública pois afeta além de apenados, familiares e funcionários, durante e após a detenção. A falta de rotinas diagnósticas perpetua a transmissão da TB neste meio e na comunidade. O estabelecimento de rotinas e fluxos para exames diagnósticos devem ser definidos no sistema prisional, onde além de ser uma estratégia de controle, o rastreamento permite dimensionar o problema e sensibilizar autoridades e comunidade carcerária.