Resumo

O Brasil produz cerca de 24 bilhões de litro de etanol por ano, exclusivamente por via fermentativa. Este processo é comumente infectado por bactérias provindas do campo. Estes micro-organismos afetam a eficiência do processo fermentativo, gerando perdas na produção. Atualmente, nas usinas, após o término da fermentação, o creme de levedura é tratado com ácido sulfúrico, reduzindo o pH na faixa de 2,0 a 2,5 por cerca de 2 horas. Apesar de reduzir a carga microbiana, esse tratamento pode ser prejudicial às células de levedura. Por esses motivos, o objetivo desse trabalho foi substituir o tratamento ácido do fermento por tratamento alcoólico. Utilizando solução hidroalcoólica, com etanol 25% (v/v), amostras de creme de levedura foram submetidas a diferentes tempos de exposição (15, 20, 60 e 120 minutos). Além disso, também foi feito um tratamento controle com ácido sulfúrico (pH 2,5 e tempo de exposição de 2 h). Para os ensaios, em Erlenmeyers de 500 mL, foram adicionados 200 mL de mosto com 18º brix e inoculados com 3% (v/v) de leveduras. Cada tratamento foi realizado com 3 repetições. Os parâmetros analisados foram: brix, açúcares redutores totais (ART), teor alcoólico, biomassa de levedura, rendimento, produtividade, contagem total de micro-organismos e contagem bacteriana. Para o cultivo microbiano foram utilizados os meios YEPD e YEPD-ciclohexamida (10 mg L-¹). O tratamento controle foi capaz de reduzir a carga microbiana (CT: 1x10^8 UFC mL-1 reduziu para 1 x 10^7 UFC mL-1 e CB: 9 x 10^7 UFC mL-1 para 1 x 10^7 UFC mL-1). Entretanto, este foi agressivo às células de leveduras, reduzindo em até 39% a formação de biomassa e em 19,5% a viabilidade celular, proporcionando um rendimento fermentativo de 74,53% e produtividade 6,02 mL de etanol/L/h. A exposição da levedura ao tratamento alcoólico durante 30 minutos proporcionou melhores resultados. Neste tratamento a carga microbiana total (CT) reduziu de 1x10^8 UFC mL-1para 8 x10^7 UFC mL-1 e CB: 9 x 10^7 UFC mL-1 para 6x10^7 UFC mL-1. O rendimento fermentativo (87,6%), a produtividade 8,55 mL/L/h, a viabilidade das células de levedura (83,96%) e o teor de biomassa (10% do volume total do mosto) mantiveram nas condições desejadas. Conclui-se que o tratamento alcoólico do fermento tem potencial para substituir o tratamento ácido. Contudo, precisa de mais estudos para a otimização