27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:1461-3


Poster (Painel)
1461-3CHLAMYDIA TRACOMATIS COMO FATOR CAUSAL DA DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA EM MULHERES ASSINTOMÁTICAS
Autores:Fernandes, L.B. (UFG - Universidade Federal de Goiás) ; Garcia-Zapata, M.T.A. (UFG - Universidade Federal de Goiás) ; Arruda, J.T. (UFG - Universidade Federal de Goiás) ; Mendonça, C.R. (UFG - Universidade Federal de Goiás) ; Approbato, M.S. (UFG - Universidade Federal de Goiás)

Resumo

INTRODUÇÃO: A clamídia está entre as doenças sexualmente transmissíveis mais comuns em mulheres em idade fértil. Sua forma assintomática pode evoluir para a doença inflamatória pélvica (DIP), principal causa da infertilidade feminina. OBJETIVOS: Avaliar a infecção pela bactéria Chlamydia trachomatis (CT) como fator causal da doença inflamatória pélvica em mulheres candidatas ao tratamento de fertilização in vitro em serviço público de referência da Região Centro-Oeste do Brasil. MÉTODOS: 340 mulheres admitidas no serviço entre janeiro de 2009 a dezembro de 2012 com idade entre 20 e 47 anos, histórico de infertilidade, realização de histerossalpingografia para observar oclusão tubária e PCR para detecção de CT foram selecionadas para o estudo. As variáveis estudadas foram: faixa etária, teste de CT positivo ou negativo, tempo de infertilidade, tipo de infertilidade e aborto. RESULTADOS: Entre 340 mulheres estudadas, a prevalência de CT foi de 10,8% (37 casos) e de DIP foi de 2% (7 casos). Assim, 19% das pacientes com CT apresentaram evolução para DIP e foi observado um caso de DIP com evolução para quadro de Síndrome de Fitz Hugh Curtis. A média de idade foi 33 anos. Houve diferença estatisticamente significativa para duração da infertilidade (p<0,001) e oclusão tubária (p=0,005; OR=2,9; IC95% 1,417–6,044). O risco para ter obstrução tubária advinda da infecção por esse microorganismo foi estabelecido em 2,9. DISCUSSÃO: A prevalência de CT identificada neste estudo é equivalente às obtidas em outras investigações realizadas no Brasil e considerada dentro do esperado pelo Ministério da Saúde. A DIP, presente em 2% dos casos estudados advém da ascensão dos microorganismos a partir da vagina ou endocérvice ao trato genital superior incluindo endométrio, trompas e as estruturas contíguas. A inflamação e cicatrizes nas trompas provenientes da DIP é um forte fator de risco para gravidez ectópica e infertilidade tubária como evidenciado nesse estudo. CONCLUSÕES: A ocorrência de DIP associada à infecção por CT foi alta e é um fator de risco maior para o desenvolvimento da gravidez ectópica e aborto. As infecções por CT tiveram baixa prevalência nessa população de mulheres que procuraram o serviço público de reprodução humana. Esses achados evidenciam a necessidade de estratégias efetivas de detecção precoce das DSTs, principalmente em mulheres assintomáticas. Entretanto, a ausência de testes laboratoriais a um custo acessível e disponível à população permanece um grande desafio. Mais estudos são necessários para confirmar a prevalência de infecções nesse grupo particular de mulheres com problemas de infertilidade.