Resumo

INTRODUÇÃO : A doença inflamatória pélvica (DIP) uma das principais causas da infertilidade feminina está comumente associada à infecção por agentes bacterianos como a Chlamydia trachomatis (CT) e a Neisseria gonorrhoeae (NG). A ascensão de microorganismos do trato genital inferior pode comprometer endométrio, trompas e anexos uterinos na forma assintomática da DIP. Em mulheres de idade fértil a DIP é um fator de risco para gravidez ectópica, infertilidade tubária e aborto. OBJETIVOS : Avaliar a DIP em decorrência da coinfecção por CT e NG e o perfil de fertilidade de paciente submetida ao tratamento de fertilização in vitro (FIV) no Laboratório de Reprodução Humana/HC/UFG. RELATO DE CASO : A paciente A.C.S, 26 anos, branca, casada, nuligesta foi acompanhada desde 2010 devido à queixa de infertilidade. Apresentava ciclo 31/3 dias e dismenorréia a 4 anos. Duração de infertilidade de 48 meses com 1 gravidez ectópica seguida de um aborto. Exame molecular para detecção de CT e NG foi positivo, histerossalpingografia apontou oclusão bilateral esquerda e laparoscopia diagnóstica evidenciou aderência hepática com parede abdominal (Fitz Hugh Curtis). A aderência foi lisada e fez-se salpingoplastia bilateral. Foi iniciada, então, indução de ovulação e indicada fertilização in vitro em março de 2012. Foi realizada punção ovariana com coleta de 6 folículos e transferência de 4 embriões. Utilizou-se esquema Clomifene (1 ao 5 dia) e Pergonal (1,3,5,7,9 e 10 dia). Paciente retornou em 15 dias com BhCG 87 mUI/mL. CONCLUSÕES : No caso apresentado, a paciente apresentava vários fatores predisponentes para a infertilidade. Porém, apresentava a tuba direita com permeabilidade preservada - comprovada em histerossalpingografia. Esses achados evidenciam a necessidade de estratégias efetivas de detecção precoce das DSTs, principalmente em mulheres assintomáticas. Mais estudos são necessários para confirmar a prevalência de infecções nesse grupo particular de mulheres inférteis.