Resumo

Os Aspergillus da seção Nigri possuem um impacto significativo na sociedade moderna, apresentando elevado potencial econômico e biotecnológico. Algumas espécies são responsáveis por causar a deterioração de alimentos e produção de micotoxinas, no entanto, outras são produtoras de importantes ácidos orgânicos e enzimas, tais como ácido cítrico e fitase. A taxonomia dos fungos pertencentes à seção Nigri constitui uma das mais complexas do gênero, pois as diferenças entre estas espécies são muito sutis. O objetivo foi isolar e identificar espécies do gênero Aspergillus pertencentes à seção Nigri de solo e serrapilheira de mata de transição Cerrado – Mata Atlântica, de Sete Lagoas/MG. As amostras de serrapilheira e solo (profundidades 0 a 5 e 5 a 10 cm) foram coletadas duas vezes no ano em períodos de seca (99n) e chuvosos (99n). O isolamento foi realizado em 5 g, ressuspendido em 45 mL de 0,1% de peptona e semeado em DRBC por 7 dias a 25°C. Após o isolamento, 42 Aspergillus negros foram identificados utilizando critérios morfológicos em CYA 25ºC e 37ºC, MEA 15ºC, 25ºC, 33ºC, 36ºC e 40ºC, por um período de 7 dias. Para a análise bioquímica utilizou-se CREA, MEA-B (MEA – Boscalide), por um período de 7 dias a 25ºC, e o Teste de Ehrlich. O presente estudo revelou a existência de 6 Grupos diferentes, apresentando uma boa diversidade de espécies de Aspergillus da seção Nigri. Na estação chuvosa, onde encontrou-se temperatura e UR elevadas, houve uma maior riqueza destas espécies, onde foi encontrado 19,4%, enquanto que na estação seca foi encontrado 1,4%. Todas as linhagens avaliadas neste estudo apresentaram conídios variando de castanho-claro a castanho-escuro, medindo de 3-6 μm, globoso para sub-globoso e vesículas esféricas/globosas. Todos os isolados dos Grupos I, II, III e V, apresentaram perfis de crescimento idênticos em 15°, 33° e 36°C, não apresentando crescimento em 40°C. Já nos Grupos IV e VI houve crescimento em todas as temperaturas. Os Grupos I, II (B e C) III-A e V apresentaram resultado negativo para CREA. No MEA-B, apenas os Grupos I e II-C esporularam. No Teste de Ehrlich foram encontrados apenas duas linhagens com halo amarelo, uma no grupo IV e outra no Grupo VI-B. No Grupo III foi observado presença de esclerócio de coloração laranja-amarelada. A identificação das espécies foi realizada de acordo com os manuais de identificação.