Resumo

Escherichia coli enteroagregativa (EAEC) é um patotipo emergente associado a casos de diarreia aguda ou persistente em crianças e adultos de países desenvolvidos e em desenvolvimento. É causador da diarreia persistente em pacientes HIV positivos e a segunda causa mais comum de diarreia dos viajantes. Seu padrão de aderência agregativo (AA) caracterizado pelo arranjo em “tijolos empilhados” em monocamada de células HEp-2 (carcinoma de laringe humana), está relacionado com a presença de um plasmídeo de aderência agregativa (pAA) de 60 MDa. O conhecimento atualmente disponível sobre enteropatógenos deriva principalmente de diversos modelos experimentais em cultura de células e animais que mimetizam as circunstâncias reais in vivo possibilitando sua extrapolação para situações humanas. O presente estudo teve como objetivo investigar a habilidade de produção do padrão AA por cinco cepas EAEC isoladas de crianças com diarreia aguda nas linhagens celulares intestinais humanas Caco-2 (adenocarcinoma colo-retal) e T84 (carcinoma de cólon) e no modelo de cultura de órgão in vitro (IVOC). Os ensaios de aderência foram realizados com as cepas co-incubadas com as linhagens celulares em estudo por um período de 6 horas. Entre as cinco cepas EAEC quatro apresentaram AA em Caco-2 e todas exibiram AA em T84. Como a linhagem celular T84 apresenta características fenotípicas das células do cólon e Caco-2 apresenta características fenotípicas das células do intestino delgado, nossos resultados sugerem que as EAEC podem apresentar um maior tropismo pelo cólon humano. Os ensaios de aderência em tecido cultivado in vitro foram realizados com as cepas co-incubadas com os fragmentos intestinais ileais e colônicos de coelhos por um período de 6 horas. A microscopia de luz duas cepas foram mais aderentes ao cólon, uma ao íleo e duas a ambos. A microscopia eletrônica de varredura três cepas foram mais aderentes ao cólon, uma ao íleo e outra a ambos. Os resultados evidenciaram que a linhagem celular T84 mostrou ser mais suscetível a formação do padrão agregativo, o que foi ratificado pelo maior grau de aderência à mucosa colônica no IVOC. Nossos dados demonstram que o modelo IVOC representa uma ferramenta valiosa frente a sistemas de modelos tradicionais para a investigação das interações entre bactérias patogênicas e o intestino humano. Apoio: CAPES, CNPq e FAPERJ.