Resumo

As Aeromonas spp. são consideradas patógenos em potenciais para o homem e animais e estão amplamente distribuídas no ambiente sendo a água e os alimentos importantes veículos de transmissão. Muitos estudos têm demonstrado que a patologia causada pela infecção por Aeromonas é complexa e envolvem inúmeros fatores de virulência. O presente estudo investigou a interação in vitro de dez cepas de Aeromonas, isoladas de diversas origens, com células das linhagens T-84 e Caco-2 quanto a persistência intracelular e a interação com tecidos intestinais de coelho cultivados in vitro (IVOC) em cinco cepas de A. caviae originárias de fezes humanas diarréicas, por microscopia óptica e eletrônica de varredura e transmissão. As dez cepas de Aeromonas, oito A. caviae e duas A. hydrophila foram submetidas ao teste quantitativo de persistência nas linhagens estudadas e foram capazes de invadir e sobreviver no ambiente intracelular por 48 e/ou 72 horas, sem multiplicação. Foi observado que as cepas, independentemente da sua origem, invadiram e persistiram intracelularmente mais eficientemente em células T-84 do que em células Caco-2. Quanto a interação das cinco cepas de A. caviae com a mucosa intestinal de íleo e cólon do intestino de coelho ex vivo, observamos por microscopia de luz e eletrônica forte aderência bacteriana, produção de muco e alterações morfológicas que culminaram na destruição das vilosidades intestinais. Este estudo demonstrou que subconjuntos de cepas de A. caviae e A. hydrophila de diversas origens, foram capazes de invadir e persistir em linhagens celulares in vitro. Foi possível evidenciar que A. caviae, de origem intestinal humana, causou expressiva alteração morfológica que resultou na destruição de epitélios intestinais de coelho ex vivo. Finalmente, nossos resultados contribuíram para reforçar o potencial patogênico de cepas de Aeromonas.