27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:1369-1


Prêmio
1369-1Caracterização do perfil fenotípico e genotípico de resistência a níveis elevados de aminoglicosídeos (HLR-A) e análise do polimorfismo genético de amostras de Enterococcus faecalis isoladas de infecções humanas, alimento e ambiente
Autores:Faria, A.R. (UERJ - Universidade do Estado do Rio de JaneiroUFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Morais, J.M. (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Gomes, A.C.O. (UFRJ - Universidade Federal do Rio de JaneiroUERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro) ; Ribau, P.C.R. (UERJ - Universidade do Estado do Rio de JaneiroUFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Rocha, F.S.P. (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Teixeira, L.M. (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Merquior, V.L.C. (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro)

Resumo

Algumas espécies de Enterococcus, entre as quais se destaca Enterococcus faecalis, têm uma capacidade marcante para aquisição e transferência de genes de resistência a antimicrobianos. Neste estudo, foram avaliadas 150 amostras de E. faecalis, incluindo 116 isoladas de infecções humanas (HUM), 20 de alimentos (ALI, carcaças de frango) e 14 de ambiente marinho impactado (AMB). O fenótipo HLR-A foi determinado por difusão em ágar, utilizando-se discos com concentrações elevadas de gentamicina (GEN) e de estreptomicina (EST). A detecção dos genes, associados à HLR-A, foi realizada por PCR multiplex. O polimorfismo genético de E. faecalis foi avaliado por PFGE, após digestão do DNA cromossômico com SmaI. Os perfis fenotípicos e genotípicos variaram de acordo com a origem das amostras: todas as obtidas de AMB apresentaram fenótipo HLR para GEN e EST; a maioria das isoladas de HUM (57,8%) exibiu fenótipo HLR-GEN; entre as oriundas de ALI prevaleceu (45%) o fenótipo HLR-EST. Seis amostras obtidas de ALI não apresentaram HLR-A. O perfil genotípico prevalente (37,9%) entre amostras oriundas de HUM correspondeu à ocorrência simultânea de aac(6’)-le-aph(2’’)-Ia e aph(2’’)-Ic. Todas as amostras isoladas de AMB apresentaram os genes aac(6’)-le-aph(2’’)-Ia, aph(2’’)-Ic e aph(3’)-IIIa. Entre amostras obtidas de ALI, o gene ant(4’)-Ia foi o prevalente (25%). Duas amostras oriundas de ALI foram negativas para os genes testados, porém apresentaram HLR-EST. A análise por PFGE permitiu identificar 19 grupos clonais (GC, 2 ou mais amostras cada) e 8 perfis únicos (1 amostra cada). Os GC prevalentes reuniram 29, 25, 16, 15 e 10 amostras e foram nomeados de A-E, respectivamente. A maioria das amostras obtidas de HUM (59,5%) foi agrupada nos GC nomeados A, B e D. As de ALI demonstraram intensa diversidade e foram distribuídas em 7 GC e em 6 perfis únicos; e as de AMB foram reunidas em um único GC (nomeado C), que também incluiu amostras de ALI. Outros 5 GC agruparam amostras de mais de uma origem (HUM e ALI). Os resultados apontam a ampla dispersão lateral desses determinantes genéticos entre E. faecalis de diferentes origens. As variações observadas entre os perfis genotípicos encontrados certamente refletem aspectos particulares associados a ações específicas de pressão seletiva nos cenários avaliados. Nossos dados reforçam a necessidade de vigilância constante para acompanhar a contínua evolução de características de resistência aos antimicrobianos em enterococos.