Resumo

A infecção por leishmaniose visceral é causada por protozoários do gênero Leishmania e transmitida pela picada do inseto vetor flebotomídeo. Ações do Ministério da Saúde para o controle da enfermidade apresentaram baixa efetividade frente aos resultados epidemiológicos. Assi, abordagens com participação comunitária e educação podem ser ferramentas efetivas. O presente trabalho visou promover educação em saúde baseada no conhecimento prévio da população. O estudo foi descritivo, através de 37 visitas domicialiares com suspeita de leishmaniose visceral canina (lvc) em 2012 no bairro Nova Esperança, Uruguaiana/RS. Utilizou-se um questionário abordando questões sobre a transmissão, diagnóstico, prevenção e controle do vetor. Foi entregue um folder explicativo da lvc e sanadas as dúvidas dos participantes. . Este bairro foi o local de maior prevalência de lvc (18%) no município. Das 37 residências, 91,9% tiveram casos de lvc e 10,8% não conheciam a doença até perceberem os sintomas no cão. Entre os 89,2% que possuíam conhecimento, a televisão foi citada por 29,7% como fonte de informação e 48,6% afirmaram ter ciência sobre a lvc por outras pessoas (familiares, vizinhos, amigos). Ainda foram citados o rádio e a internet como fonte de informação (10,8%). Ao que se refere à adoção de medidas preventivas, 67,9% realizam limpeza do peridomicílio e poda de árvores, 24,3% não realizam nenhuma medida e 8,1% adotaram o uso de coleira repelente em seus cães. Com esses resultados pode-se perceber que grande parte da população abrangida pelo estudo obtém conhecimentos sobre a doença e por consequência está preocupada e sente-se responsável pela adoção de medidas preventivas. Outra constatação que corrobora é que 54,1% dos cães positivos foram levados para eutanásia, mostrando que a população está disposta a participar do programa de controle da lvc. Os programas de combate à enfermidade do Ministério da Saúde baseiam-se na eutanásia de cães positivos e controle químico do vetor. Entretanto, os mesmos estão mostrando-se incapazes de conter o vetor que apresenta capacidade de adaptação a novos ambientes. Portanto, a participação efetiva da comunidade é uma ferramenta indispensável, atuando principalmente no controle das condições ambientais do peridomicílio evitando o favorecimento de microambientes propícios para a adaptação e manutenção do vetor. Deste modo, paralelamente ao emprego dos meios de controle usuais, torna-se imperativo o incentivo a execução de propostas que visem a educação em saúde da população.