Resumo

Explorar a diversidade microbiana em busca de organismos que possam contribuir para o desenvolvimento de bioprocessos é fundamental às pesquisas que visam novas estratégias e ao mesmo tempo a preservação da biodiversidade. Leveduras originárias de ambientes inóspitos como o continente Antártico possuem características peculiares que possibilitam o crescimento destas em meios complexos como os formulados à base de hidrolisados provenientes de biomassas vegetais. Neste contexto a utilização, como meio de cultivo para leveduras da Antártica, da fração hemicelulósica do bagaço de cana de açúcar, rica em carboidratos (xilose, glicose e arabinose) mas também em compostos tóxicos (ácido acético, furfural e hidroximetil furfural) é uma alternativa de aproveitamento do bagaço de cana no setor sucroalcooleiro. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o cultivo das leveduras xilanolíticas isoladas da Antártica: Cryptococcus adeliensis (L95, L108 e L121), Cryptococcus aff laurentii (L62), Candida davisiana (L101, L107) e a Guehomyces pullulans (L109) em hidrolisado hemicelulósico de bagaço de cana, bem como da Candida guilliermondii, já amplamente empregada para cultivos em meios formulados a base deste hidrolisado (controle). Os inóculos foram obtidos pelo cultivo (24h) em meio contendo xilose e glicose como fontes de carbono, suplementado com solução de extrato de farelo de arroz, cloreto de cálcio e sulfato de amônio, em shaker a 200 rpm, 30°C e pH inicial 5,5. Para os experimentos empregou-se a concentração inicial de 10⁷ céls/ mL em meio formulado à base de hidrolisado hemicelulósico de bagaço de cana suplementado com os mesmos nutrientes e condições de cultivo do inóculo, exceto xilose e glicose, e o tempo que foi de 96h. Periodicamente foram retiradas amostras para determinação do crescimento celular (Câmera de Neubauer), concentração dos açúcares bem como dos possíveis produtos xilitol, etanol e glicerol (HPLC). Dentre as espécies avaliadas observou-se maior consumo de açúcares, glicose e xilose pela levedura C. adeliensis (L95 e L121) coincidente com o maior crescimento celular e concentração de etanol formado. Considerando o desempenho desta levedura em relação à C. guilliermondii admite-se a necessidade de novos estudos para a otimização da utilização da C. adeliensis (L95 e L121) em bioprocessos que empregam biomassas vegetais.