Resumo

INTRODUÇÃO: Cavernas são ambientes estáveis com condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento de fungos. O uso turístico das cavernas no Brasil é comum. No entanto, existem diversas espécies de fungos patogênicos e oportunistas que habitam as cavernas e são capazes de causar micoses em humanos. Um exemplo clássico é o fungo Histoplasma capsulatum, que pode provocar grave micose sistêmica ou pulmonar (histoplasmose). Esta espécie pode ser isolada do guano de aves e morcegos nas cavernas. Apesar de se conhecerem os riscos, ainda não se faz obrigatório o estudo e monitoramento microbiológico de cavernas turísticas no país. Tal fato associado ao crescente turismo em cavernas mostra a urgência em se criarem diretrizes sobre estudo da microbiota subterrânea em planos de manejo. O presente estudo visou a elaboração do plano de manejo de uma das cavernas turísticas mais conhecidas e visitadas no estado de Minas Gerais. Foram objetivos desse trabalho: 1) verificar a presença de fungos verdadeiramente ou potencialmente patogênicos ao homem, 2) criar um mapa de distribuição desses fungos e plotar áreas de risco microbiológico e 3) elaborar o plano de manejo. MATERIAL E MÉTODOS: A caverna foi dividida em 4 setores onde foram feitas as coletas. Os fungos foram isolados do ar, através do método de sedimentação em placa, e de amostras de guano, por diluição seriada nos meios de ágar Sabouraud dextrose, Mycosel e de infusão de cérebro-coração. Também foram extraídas amostras de espeleotemas e instalações turísticas com swab e semeadas em ágar Sabouraud dextrose. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foi coletado um total de 1127 isolados pertencentes aos gêneros Aspergillus, Cladosporium, Emericella, Fusarium, Mucor, Purpureocillium, Penicillium, Torula e Trichoderma. Apesar de H. capsulatum não ter sido isolado, oito espécies relacionadas a infecções fúngicas oportunísticas em humanos foram registradas em áreas turísticas e não turísticas. Além disso, foram observadas contaminações por Fusarium sp. e Aspergillus swdowii sobre estruturas ao longo de toda a caverna. Áreas de risco microbiológico e ações de manejo são sugeridas neste trabalho. CONCLUSÃO: Existe uma escassez de estudos sobre a microbiota cavernícola. O crescente uso turístico de cavernas mostra a urgência de novos estudos para criação de diretrizes concernentes a criação de planos de manejo de cavernas no país.