Resumo

A qualidade das águas superficiais de rios em países em desenvolvimento diminuiu muito devido à rápida industrialização e crescimento da população. Os rios Tietê e Pinheiros são os principais recursos hídricos para as atividades humanas no Estado de São Paulo. Lamentavelmente, ambos os rios são conhecidos por serem altamente poluídos, devido à contaminação industrial, esgoto doméstico e efluentes de córregos que deságuam em seus leitos. Os enterococos são bactérias utilizadas como indicador da qualidade da água e se correlacionam com a prevalência de outros microrganismos patogênicos e multirresistentes. O presente estudo teve como objetivo isolar, identificar e caracterizar genotipicamente cepas de enterococos resistentes à vancomicina em águas superficiais dos rios Tietê e Pinheiros de São Paulo. Foram analisadas 42 amostras de águas coletadas de oito pontos dos rios nos anos de 2010 e 2011. Para isolamento dos enterococos, as amostras de água foram filtradas por membrana estéril (0,45 μm) depositada sobre ágar base M-Enterococcus. A identificação das cepas em gênero e espécie foi feita por meio de provas bioquímicas, teste de sensibilidade aos antimicrobianos por meio da concentração inibitória mínima (CIM), confirmação das espécies e genes de resistência pela técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR) e tipagem molecular pela técnica de eletroforese em gel de campo pulsado (PFGE). Do total de 42 amostras, 31 (75%) foram positivas para enterococos. Em cinco dos oito pontos de coleta dos rios foram isoladas seis cepas de VRE, dentre as quais, o E. faecium foi a espécie predominante, com cinco isolados. O perfil de resistência para os antimicrobianos avaliados confirmou a multirresistência entre as cepas de VRE. Foram identificados quatro perfis moleculares pelo PFGE entre as seis cepas, sendo dois clones isolados em pontos diferentes dos rios. Os resultados mostraram alta prevalência de enterococos nas amostras de águas analisadas, com cepas resistentes à vancomicina. Diante disso, mais estudos de monitoramento da resistência em amostras de origem ambiental em regiões urbanas necessitam ser conduzidos no Brasil, permitindo determinar estratégias de tratamento de águas residuais, uma vez que estas bactérias multirresistentes representam um potencial risco de colonização e/ou infecção humana.