Resumo

O objetivo deste estudo foi estudar a capacidade emulsificante de biossurfactantes bacterianos em meio aquoso contendo diferentes compostos apolares. Neste estudo foram utilizadas 5 bactérias isoladas de águas residuais de indústrias de alimentos identificadas como Acidovorax temperans, Acinetobacter calcoaceticus, Pseudomonas sp. As bactérias deste estudo foram cultivadas por 48h a 28^oC e 200 rpm em meio líquido contendo Dyg´s para a produção do biossurfactante cuja capacidade emulsificante foi verificada através do teste do Índice de emulsificação (I.E24). Diferentes compostos insolúveis em água (querosene, tolueno, gasolina, diesel) foram usados no I.E24. De acordo com esta metodologia, 2 mL do extrato bruto do cultivo obtido por centrifugação (9000 rpm; 10min) foi misturado com 2 mL do composto apolar e agitado por 2 minutos em vórtex para formação da camada emulsificada. Após 24 horas, foi determinado o índice de emulsificação que é a razão entre a altura da camada emulsificada e a altura total do líquido. Os testes foram realizados em triplicata e os resultados foram apresentados como porcentagem de emulsificação, nos quais os valores do I.E24 foram multiplicados por 100. A bactéria A. calcoaceticus foi mais eficiente que as demais bactérias na emulsificação de gasolina e de óleo diesel. Quando foi usado querosene no teste do I.E24, o maior resultado (54.67%) foi encontrado com o extrato bruto de um dos isolados de Pseudomonas sp denominado BF06. Índices de emulsificação menores que 50% foram encontrados nos extratos brutos de todas as bactérias testadas quando o tolueno foi usado no teste. O biossurfactante produzido por um isolado de Pseudomonas sp denominado de BF09 emulsificou melhor este composto apolar (48%). Os compostos apolares testados, gasolina, querosene e óleo diesel, são frações destiladas do processo de refinamento de óleo cru diferindo entre si no conteúdo de carbonos e consequentemente na apolaridade, sendo o óleo diesel o mais apolar. No entanto, o tolueno, um hidrocarboneto aromático, é considerado o mais apolar das 4 substâncias testadas e provavelmente este fato explique a menor emulsificação observada no I.E24. Contudo, estes resultados demonstraram a capacidade de emulsificação dos biossurfactantes bacterianos nos meios apolares testados, revelando interessantes propriedades tensoativas.