Resumo

O estado de Santa Catarina é o maior produtor de ostras (Crassostrea gigas) do Brasil, as quais são frequentemente consumidas cruas ou levemente cozidas. As ostras se alimentam através da filtração da água e assim,micro-organismos que estejam eventualmente presentes na água de cultivo, após serem filtrados poderão permanecer viáveis no trato digestivo das ostras. Vibrio parahaemolyticus é uma bactéria naturalmente presente no ambiente marinho e o consumo de ostras cruas contaminadas com este micro-organismo pode levar ao desenvolvimento de gastroenterite aguda. Dentro deste contexto, torna-se importante a pesquisa de processos para reduzir vibrios em ostras, entre estes processos a depuração. Ao longo das últimas décadas, várias pesquisas foram realizadas com a utilização de íons metálicos na descontaminação de água. A prata apresenta propriedades antimicrobianas para um largo espectro de micro-organismos, incluindo bactérias gram-positivas e gram-negativas. Devido à elevada superfície de contato, o uso da prata na forma de nanopartículas torna-se interessante para uso na descontaminação da água. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a atividade antimicrobiana de nanopartículas de prata (NPAg) contra V. parahaemolyticus (ATCC 17802) em água salina para utilização na descontaminação da água em depuradoras de ostras. Elementos filtrantes (47mm diâmetro X 8mm espessura) 100% celulose foram impregnados com solução de NPAg 0,1% na proporção 1:4 (p/v), após impregnação, os elementos foram mantidos em estufa a 45^ᵒ C por 24 horas para secagem. Elementos filtrantes com as mesmas características, porém sem NPAg, foram utilizados como branco. 500 mL de água salina foram contaminadas com 1,3x10⁵ UFC/mL de V. parahaemolyticus (ATCC 17802). Com auxílio de um sistema de filtração a água contaminada passou, por gravidade, 60 vezes através do elemento filtrante, foram realizadas contagens microbiológicas a cada 10 passagens da água pelo elemento. A mesma metodologia foi realizada com o elemento filtrante branco, que serviu como controle do processo. A água salina utilizada é de origem marinha previamente tratada com cloro, desclorada, filtro de 1 µm e lâmpada de luz UV para então receber o inoculo de V. parahaemolyticus. O elemento filtrante impregnado com NPAg foi eficiente na redução de V. parahaemolyticus na água salina a níveis não detectáveis após 40 passagens da água pelo elemento. Conclui-se que o uso de NPAg na descontaminação da água para uso em depuradoras de ostras pode ser uma alternativa promissora.