27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:1271-1


Poster (Painel)
1271-1AVALIAÇÃO DA IMUNIDADE HUMORAL CONTRA ORTOPOXVÍRUS NUMA POPULAÇÃO RURAL DO INTERIOR DE MINAS GERAIS
Autores:COSTA, G. B. (UFMG - Laboratório de Vírus, Depto de Microbiologia, ICB/UFMG) ; BORGES, I. A. (UFMG - Laboratório de Vírus, Depto de Microbiologia, ICB/UFMG) ; MIRANDA, J. B. (UFMG - Laboratório de Vírus, Depto de Microbiologia, ICB/UFMG) ; AUGUSTO, L. T. S. (IMA - Instituto Mineiro de Agropecuária) ; FERREIRA, P. C. P. (UFMG - Laboratório de Vírus, Depto de Microbiologia, ICB/UFMG) ; ABRAHÃO, J. S. (UFMG - Laboratório de Vírus, Depto de Microbiologia, ICB/UFMG) ; KROON, E. G. (UFMG - Laboratório de Vírus, Depto de Microbiologia, ICB/UFMG) ; MORENO, E. C. (HEMOMINAS - Fundação Hemominas) ; TRINDADE, G. S. (UFMG - Laboratório de Vírus, Depto de Microbiologia, ICB/UFMG)

Resumo

A varíola humana foi declarada erradicada em 1980, porém os Ortopoxvírus (OPV) ainda são uma fonte de preocupação devido ao aumento do número de casos nos últimos anos. No Brasil, o Vaccinia virus é responsável por causar uma doença conhecida por vaccinia bovina (VB). Os indivíduos mais afetados são aqueles alocados em áreas rurais, que têm contato direto com os animais domésticos infectados como bovinos. O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil imunológico de pessoas que vivem em áreas rurais endêmicas para VB, avaliando também fatores de exposição à OPV. Foi conduzido um inquérito epidemiológico e coletadas 240 amostras de soro. A população estudada é composta por 127 homens (52.9%) e 113 mulheres (47.1%), com idade entre 5 e 90 anos. Destes, 185 (77%) relataram ter contato com animais domésticos, como bovinos e equídeos, 114 (47.5%) praticam ordenha, 213 (88.8%) consomem leite cru. Apenas 128 indivíduos (53.3%) foram vacinados contra varíola e 77 destes (60%) apresentam a marca vacinal. É importante destacar que 8 indivíduos (3.3%) foram infectados em surtos de VB. A imunidade humoral foi avaliada através do ensaio de neutralização viral por redução de placas, consideradas positivas as amostras que reduziram em pelo menos 50% o número de placas encontradas no controle positivo. Foi observado que 74 indivíduos (31%) apresentaram anticorpos neutralizantes anti-OPV, com títulos variando entre 100 e 6400 unidades neutralizantes/ml. Durante a campanha de erradicação da varíola, pensou-se que a imunidade contra OPV seria de longa duração. Entretanto, surtos causados pelo Vaccinia virus têm sido relatados no Brasil, inclusive afetando pessoas vacinadas. Como mostrado neste estudo, existe uma prevalência relevante de anticorpos anti-OPV em indivíduos que não foram verdadeiramente vacinados, ou seja, aqueles que não possuem a marca vacinal (40.5%). Isto sugere uma ativa circulação de Ortopoxvírus nesta região, principalmente entre indivíduos que praticam atividades em risco de exposição.