Resumo

Introdução: A meningite bacteriana (MB) é uma doença infecciosa grave com alto potencial epidêmico e capacidade de produzir sequelas. Apresenta altas taxas de morbidade e mortalidade, constituindo-se um problema de saúde pública cuja notificação é compulsória. Seu perfil epidemiológico no Brasil tem mudado consideravelmente nos últimos 10 anos devido à introdução das vacinas conjugadas no calendário vacinal do país. Na Bahia, em 1999 foi incorporada ao calendário a vacina contra o Haemophilus influenzae tipo B (Hib), em fevereiro de 2010 a vacina meningocócica C (MMC) e em julho do mesmo ano a vacina pneumocócica decavalente (PCV10). O presente estudo teve por finalidade descrever o perfil epidemiológico das meningites bacterianas após a introdução destas vacinas e avaliar o impacto da doença. Material e Métodos: Uma vigilância de base hospitalar para meningites bacterianas foi estabelecida no Hospital Couto Maia (HCMaia) em Salvador, centro de referência estadual no diagnóstico deste agravo. Foram incluídos no estudo casos de meningite bacteriana com cultura positiva no período de junho de 2010 a maio de 2013. Os dados foram obtidos através de entrevista e revisão de prontuários, sendo armazenados e analisados no programa Epi INFO – for Windows versão 3.5.3. Resultados: No último triênio foram identificados no Hospital Couto Maia 228 casos de MB cultura positiva, sendo: 69 (30,3%) de N. meningitidis; 56 (24,6%) de S. pneumoniae; 11 (4,8%) de H. influenzae; 92 (40,4%) de outras bactérias. Em geral, houve redução no número de casos ao longo do período de estudo para todos os agentes etiológicos mencionados. Estratificando por faixa etária, o grupo com maior prevalência de casos foi entre 26-59 anos (37,7%), sendo que no final do triênio houve um aumento neste grupo para 42,9%. Em menores de dois anos a prevalência reduziu de 17 casos (22,1%) no primeiro ano para três casos (14,3%) no terceiro ano de estudo para todos os agentes etiológicos. Conclusão: Na população estudada, a N. meningitidis é o principal agente causador das meningites bacterianas no período pós-vacinal. De modo geral, houve redução no número de casos de MB nos agentes abarcados pelas vacinas, comparando o primeiro ao último ano de estudo, assim como nos demais agentes que não possuem vacina disponível (outras bactérias).