Resumo

Atualmente existem mais de 120 espécies descritas do gênero Mycobacterium, dentre estas, um grupo conhecido como micobactérias não tuberculosas (MNT). As infecções por micobactérias têm sido consideradas uma emergência epidemiológica e sua investigação é uma prioridade para controlar as doenças associadas que podem levar a quadros extremos. O tratamento das micobacterioses é bastante complexo, uma vez que elas são naturalmente resistentes ou têm pouca sensibilidade aos fármacos tuberculostáticos. Esta sensibilidade difere entre as espécies e entre cepas de uma mesma espécie. Por esta razão, muitos são os esquemas utilizados para o tratamento. Este trabalho teve como objetivo principal determinar a suscetibilidade de micobactérias de crescimento rápido ao ciprofloxacino, pelo método de microdiluição em caldo. Para o estudo foram utilizadas as cepas Mycobacteirum abscessus (ATCC 19977), M. fortuitum(ATCC 6841), M. massiliense (ATCC 48898) e seis isolados clínicos, oriundos do Laboratório de Analises Clínicas do Hospital Universitário de Santa Maria. As amostras biológicas foram identificadas por métodos fenotípicos (classificação de Runyon) e provas bioquímicas. Para estabelecer a concentração inibitória mínima do ciprofloxacino foram utilizadas concentrações que variaram de 0,125 µg/mL a 16 µg/mL. Os resultados foram reportados em sensível, intermediário ou resistente e demonstraram que o antimicrobiano não teve atividade satisfatória para dois dos isolados clínicos testados. Os demais espécimes avaliados apresentaram um perfil sensível. O ciprofloxacino tem atividade sobre certas MNT, entre elas as de crescimento rápido. No entanto, o aparecimento de resistência vem sendo frequentemente descrito. Essa resistência pode ser atribuída a mecanismos desenvolvidos pelas micobactérias como forma de se protegerem de agentes tóxicos, como por exemplo, bombas de efluxo e mutações de genes. O arsenal terapêutico usado para combater infecções de MNT é bastante limitado, portanto novas alternativas para driblar a resistência bacteriana - como desenvolvimento de novos fármacos e efeitos sinérgicos de compostos - devem ser almejadas.