Resumo

Micro-organismos isolados de ambientes extremos podem propiciar grande vantagem biotecnológica, pois, questões de tolerância ao ambiente podem estar diretamente atreladas com a secreção de substâncias bioativas em situações menos favoráveis como estresse por pouco nutriente, excesso de salinidade ou variações de pH e temperatura. Este trabalho objetivou avaliar a influência de diferentes variáveis na produção de proteases por fermentação do fungo filamentoso Acremonium sp. L1-4B isolado de líquen no continente Antártico. Para a esporulação do micro-organismo foi utilizado o meio de cultivo PDA (Potato Dextrose Agar), que ocorreu num período de 10 dias a 15 °C e o inóculo foi padronizado a 10⁶ esporos/mL. O cultivo submerso, composto por 1% de extrato de palma (Opuntia fícus indica) e diferentes concentrações de extrato de levedura (0,5; 1,0 e 1,5% p/v) transcorreu por 96 horas a 15 °C, 20 °C e 25 °C, sob agitação orbital (130 rpm). Foi utilizado um planejamento fatorial fracionário 2³ em que houve a distribuição dos níveis das variáveis experimentais: pH, temperatura e concentração de extrato de levedura. O extrato enzimático foi obtido por filtração em papel filtro Whatman 1. A atividade proteásica foi medida com o substrato azocaseína (0,5% p/v) e a determinação das proteínas totais pelo método colorimétrico do ácido bicinconínico. O fungo L1-4B apresentou melhor produção enzimática de 63,8 U/mL, com 2,2 mg/mL de proteínas totais e especificidade de 28,8 U/mg no sistema 3, este que decorreu a 15 ºC, pH 8,0 e 0,5% de extrato de levedura. O planejamento experimental permitiu de modo eficiente detectar também a ausência de produção nas condições do sistema 6, a 25 ºC, pH 4,0 e 1,5% de extrato de levedura. Portanto, a produção de proteases por Acremonium sp. L1-4B foi mais eficiente com baixa temperatura, pH alcalino e menor concentração de nitrogênio.