27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:1210-1


Poster (Painel)
1210-1Isolamento de Micobactérias Não Tuberculosas no Estado de Santa Catarina entre os anos de 2006 e 2012
Autores:WILDNER, L.M. (UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina) ; MEDEIROS, T.F. (UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina) ; ROVARIS, D.B. (LACEN/SC - Laboratório Central de Saúde Pública de Santa Catarina) ; BAZZO, M.L. (UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina)

Resumo

A despeito de sua importância, a identificação da espécie não faz parte da rotina diagnóstica de micobactérias nos laboratórios. Estudos demonstraram que as doenças causadas por micobactérias não tuberculosas (MNT) não são incomuns, ao contrário do que era pensado há algumas décadas. Em países desenvolvidos, com a queda dos índices de tuberculose (TB), as MNT receberam maior visibilidade, tornando-se objeto de estudos e apresentando aumento significativo no número de isolamentos. No Brasil, existem poucos estudos acerca da ocorrência das MNT. Devido às altas taxas de TB, muitos casos de MNT são abordados como TB, já que a cultura não é realizada em todos os casos, sendo o diagnóstico firmado, principalmente, pela baciloscopia e/ou diagnóstico clínico. Em Santa Catarina, todas as amostras de cultura de micobactérias com resultados não compatíveis com o CMTB (fator corda negativo e/ou crescimento em meio de cultura contendo PNB), são consideradas suspeitas de ser MNT e encaminhadas para identificação no Laboratório de Biologia Molecular e Micobactérias (LBMM/HU/UFSC). Este trabalho teve por objetivo fazer uma análise retrospectiva do isolamento de MNT no Estado de Santa Catarina, entre os anos de 2006 e 2012. Em 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010 foram obtidos, respectivamente, 23, 12, 16, 23 e 35 isolados de MNT, enquanto nos anos de 2011 e 2012, foram obtidos 84 e 93 isolados, respectivamente. Dentre as espécies isoladas, houve predomínio de M. avium (25,0% a 52,2%). Observou-se um aumento no isolamento de espécies de crescimento rápido, com média de 11,8% entre os anos de 2006 e 2010 e média de 35,4% nos anos de 2011 e 2012. Também foi observado aumento no número de isolados de espécies pouco associadas à doença, como M. gordonae. O pulmão foi o sítio de isolamento mais frequente em todos os anos, com média de 89,02%. Entre 2006 e 2010, estimava-se que as MNT correspondessem a 1,2% das culturas positivas para micobactérias. Já em 2011 e 2012, 5,4% dos isolados foram identificados como MNT. Esse aumento pode ser explicado pela implantação em meados de 2010 da cultura líquida automatizada, método mais sensível do que a cultura tradicional, e pela maior vigilância quanto à ocorrência de micobacterioses. Apesar do aumento no número de isolados, deve-se ter cautela em atribuir às MNT a responsabilidade pela etiologia da doença, visto que, por serem ubíquas no ambiente, seu isolamento em cultura pode corresponder a contaminação ambiental ou colonização do hospedeiro, e não a uma infecção.