27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:1160-1


Poster (Painel)
1160-1Peritonites fúngicas na diálise peritoneal ambulatorial contínua (DPAC): identificação dos agentes, perfis de sensibilidade aos antifúngicos e produção de biofilme.
Autores:Giacobino, J. (UNESP - Universidade Estadual Paulista) ; Martins, K.B. (UNESP - Universidade Estadual Paulista) ; Franckin, T. (UNESP - Universidade Estadual Paulista) ; Montelli, A.C. (UNESP - Universidade Estadual Paulista) ; Barretti, P. (UNESP - Universidade Estadual Paulista) ; Caramoni, J.S.C.T. (UNESP - Universidade Estadual Paulista) ; Bagagli, E. (UNESP - Universidade Estadual Paulista)

Resumo

Peritonites são sérias e frequentes complicações em pacientes submetidos à terapia de reposição renal por diálise peritoneal ambulatorial contínua (DPAC). Infecções fúngicas, embora menos frequentes que as bacterianas estão associadas a maiores taxas de morbidade e mortalidade e causam a interrupção da DPAC devido à necessidade de remoção do cateter. Este trabalho teve como objetivo caracterizar as espécies fúngicas causadoras de peritonites fúngicas em pacientes submetidos à DPAC do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu. Os isolados foram obtidos de diferentes episódios de peritonites, e identificados por métodos clássicos e moleculares, pelo sequenciamento de rDNA. Susceptibilidade antifúngica para as drogas anfotericina B, fluconazol, voriconazol e caspofungina foram determinadas pela técnica de microdiluição em caldo, seguindo o protocolo do CLSI M27-A3 e a produção de biofilme utilizando-se discos de silicone em reação com XTT (sal de tetrazol). Em um total de 30 isolados, Candida parapsilosis foi a espécie predominante (10), seguida de Candida albicans (7), Candida tropicalis (6), Candida orthopsilosis (5), Candida guilliermondii (1) e Kodamaea ohmeri (1). Todos os isolados foram sensíveis ao voriconazol e caspofungina; amostras de C.orthopsilosis (5), K. ohmeri (1), C. guilliermondii (1) e C. albicans (1) foram sensíveis dose dependente ao fluconazol, e um único isolado de C. tropicalis foi resistente à anfotericina B. Observou-se em 17 isolados alta produção de biofilme, com maior prevalência da espécie C. albicans (7/17); cinco isolados apresentaram média produção; enquanto que em sete isolados houve baixa ou nenhuma produção de biofilme (6/7), com prevalência de C. parapsilosis. Este estudo confirma que as peritonites fúngicas na DPAC são causadas por um grupo diversificado de espécies de leveduras, dentre as quais há uma clara prevalência da espécie C. parapsilosis sensu stricto. Por apresentarem variações na sensibilidade às drogas antifúngicas e na produção de biofilme, estas espécies apresentam distintas formas de infecção e de interação com os hospedeiros humanos, contribuindo com maior complexidade e gravidade das manifestações clínicas. A correta identificação e caracterização destes agentes, além de proporcionar melhorias nos tratamentos das peritonites fúngicas, também podem fornecer estratégias valiosas na prevenção de novas infecções, com impactos positivos sobre a qualidade de vida e sobrevida destes pacientes.