Resumo

Os resíduos de papel são relativamente abundantes nas cidades brasileiras, uma vez que 39 % do lixo são de papel e papelão. A produção de etanol pode ser uma rota alternativa para a gestão destes materiais, além de um complemento para a reciclagem. Neste trabalho foram realizadas hidrólises ácidas de papel descartado e posterior fermentação da glicose para a produção de etanol. As hidrólises com ácido sulfúrico foram realizadas segundo um planejamento fatorial 2³ com o ponto central em triplicata. Os fatores e os níveis investigados foram: a massa de papel (2, 6 e 10 g), a concentração de ácido (1, 3 e 5 % v/v) e o tempo da hidrólise (1, 1,5 e 2 horas). Todas as hidrólises foram realizadas em frascos de Erlenmeyer em autoclave a 121ºC e 1 atm. A fermentação da glicose por Saccharomyces cerevisiae UFPEDA 1238 foi realizada a 37°C e 80 rpm por 24 horas. A concentração inicial de biomassa microbiana foi de 1 g/L. Os açúcares redutores totais (ART) foram determinados pelo método do ácido dinitrossalicílico nas amostras das hidrólises. Glicose e etanol nas amostras da fermentação foram quantificados por cromatografia líquida de alta eficiência. Para o tratamento dos dados do planejamento fatorial foi utilizado o programa Statistic 7. As concentrações de ART obtidas variaram de 2,64 a 28,40 g/L. Apenas o aumento da concentração do ácido e da massa do papel foi significativo tanto sobre a concentração de ART, quanto sobre o rendimento da hidrólise. Foram selecionadas as condições do ensaio com maior rendimento e concentração de ART para a fermentação da glicose visando a produção de etanol. As condições selecionadas foram 5 g de papel, H2SO4 5 % v/v e 1 hora de hidrólise na autoclave. Após 24 horas da fermentação, o rendimento em etanol a partir da glicose utilizada foi 0,31 g/g e a eficiência da fermentação, tendo-se como base o rendimento teórico, foi 61,2%. Para dar continuidade a este trabalho, pode-se realizar fermentações dos hidrolisados ácidos com pré-tratamento hidrotérmico, para remover parte da hemicelulose, uma vez que este heteropolímero é composto principalmente por xilose, que não é consumida por Saccharomyces cerevisiae.