27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:1142-2


Poster (Painel)
1142-2Avaliação da imunomodulação lipídica mediada por IcmF em uma linhagem de Escherichia coli causadora de colisepticemia em aves
Autores:Goes, J.A.O. (UNB - Laboratório de Microbiologia, Universidade de Brasília) ; Oliveira, N.P. (UNB - Laboratório de Microbiologia, Universidade de Brasília) ; Corrêa, R. (UNB - Laboratório de Imunologia e Inflamação, Universidade de Bras) ; de Pace, F. (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas) ; Magalhães, K.G. (UNB - Laboratório de Imunologia e Inflamação, Universidade de Bras) ; Silveira, W.D. (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas) ; Campos, T.A. (UNB - Laboratório de Microbiologia, Universidade de Brasília)

Resumo

O fator de multiplicação intracelular (proteína IcmF) é um componente do sistema de secreção tipo VI (T6SS) associado à multiplicação intramacrofágica e inibição da fusão fagossomo – lisossomo por Legionella pneumophila). Na linhagem de Escherichia coli causadora de colisepticemia em aves, SEPT362, a proteína está associada à formação de biofilmes, expressão de flagelos, adesão e invasão de células epiteliais e sobrevivência intramacrofágica. A associação de IcmF à expressão de todos estes fatores de virulência demonstra que este componente do T6SS contribui efetivamente para a patogênese de APEC (E. coli patogênicas para aves), linhagens de E. coli de elevado risco zoonótico responsáveis por perdas econômicas na industria aviária. Objetivando compreender os mecanismos de sobrevivência intramacrofágica associados à IcmF, verificamos o potencial de imunomodulação lipídica mediada por esta proteína em macrófagos murinos, analisando a biogênese de corpúsculos lipídicos (CLs) nestas condições. CLs são organelas compostas principalmente de lipídios neutros, e são sítios para a síntese de lipídeos inflamatórios como as prostaglandinas e leucotrienos. A formação de CLs é, portanto, um marcador de ativação celular em diversos modelos. Assim, a linhagem SEPT362, sua mutante portadora de uma deleção no gene icmF (∆icmF) e a linhagem portadora do complemento da deleção (∆ icmFC) foram utilizadas para a infecção de macrófagos murinos. Após 24 horas de infecção, os macrófagos foram fixados e submetidos à coloração Oil Red para a visualização de CLs. A frequência dos corpúsculos sintetizados em cada célula foi obtida a partir da contagem da quantidade de CLs visualizados em 50 células. Todos os ensaios foram realizados em triplicata. Macrófagos não infectados e estimulados com LPS foram utilizados como controle negativo e positivo para a síntese de CLs, respectivamente. Uma média de dois corpúsculos foi observada nas células não infectadas. Macrófagos estimulados com LPS apresentaram, em média, 13 CLs. Células infectadas com SEPT 362 apresentaram uma redução no número de CLs em relação ao controle positivo (6,32). O mesmo foi observado para a mutante ∆icmF (6,9) e ∆icmFC (6,5). Os resultados sugerem que a linhagem SEPT362 apresenta mecanismos que reduzem a ativação dos macrófagos por meio da diminuição da formação de CLs e que, por esta razão, podem estar associados à evasão do sistema imune. A quantidade de CLs observada em macrófagos infectados por ∆ icmF e ∆icmFC sugerem que os mecanismos de sobrevivência intramacrofágica mediados por IcmF não estão associados a imunomodulação por metabolismo lipídico. Outros experimentos estão em andamento para melhor caracterização do papel do sistema de secreção tipo VI no metabolismo lipídico inflamatório na infecção por SEPT362.