Resumo

Introdução: Atualmente os sorotipos virais do dengue (DENV 1-4) são a causa da arbovirose mais prevalente no mundo, endêmica ou epidêmica em quase todos os países tropicais. Podem causar síndromes que vão de assintomáticas a letais, a Febre do Dengue (FD), mais comum, caracteriza-se por febre e cefaléia; a Febre Hemorrágica (FHD) e a Síndrome do Choque da Dengue (SCD), mais graves, caracterizam-se por hemorragia, extravasamento plasmático e plaquetopenia. Evidências indicam que a infecção gestacional pode levar a transmissão vertical, com elevado risco para o recém-nascido infectado. Pode ainda, de acordo com a idade gestacional, ocasionar em ameaça de aborto ou parto prematuro, além de complicações maternas associadas à FHD/SCD. Materiais e Métodos: Amostra de soro da paciente com 38 semanas e 4 dias de gestação, interna no Hospital de Doenças Tropicais Natan Portela, Teresina –PI, em março de 2012. O RNA viral foi extraído de acordo com o protocolo do fabricante, as reações de RT-PCR e sorotipagem por Semi-Nested-PCR foram realizadas conforme o método descrito por Lanciotti e colaboradores, 1992. Discussão dos Resultados: Paciente com sintomatologia típica de dengue: febre, cefaléia, mialgia, artralgia e evidências de complicações com extravasamento plasmático: leucocitose e plaquetopenia, podendo ser relacionados ao próprio estado de imunossupressão materna, sobretudo considerando a elevada idade gestacional. A amostra da paciente foi positiva pela técnica de RT-PCR, amplificando um tamanho molecular correspondente à região junto aos genes C/prM, foram utilizados iniciadores capazes de amplificar qualquer dos sorotipos virais. Utilizando iniciadores específicos para detecção de cada sorotipo, esta foi positiva para sorotipos virais, evidenciando um segundo fator de risco para dengue severa: a cocirculação viral. O diagnóstico precoce pode ser dificultado não só pela inespecificidade da clínica e semelhança com outras complicações em grávidas, como a síndrome de HELLP, mas também pela possível confusão com alterações fisiológicas da gestação; o que torna importante a utilização de um método diagnóstico molecular rápido e específico com RT-PCR. Conclusão: A gestação tem sido considerada um fator de risco para o desenvolvimento de dengue severa, associada à mortalidade materna e infecção em recém-nascidos. Dessa forma o diagnóstico molecular por RT-PCR, em conjunto com os métodos convencionais, permite a identificação precoce da doença, contribuindo para que medidas preventivas e de manejo clínico sejam implementadas prontamente junto a grupos específicos.