27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:1107-1


Poster (Painel)
1107-1Estudo da produção de fatores de virulência em diferentes isolados clínicos de Pseudomonas aeruginosa: efeitos de 1,10-fenantrolina e seus derivados
Autores:Galdino, A.C.M (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Silva, L.V. (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Kellett, A. (DCU - Dublin City University) ; McCann, M. (NUIM - National University of Ireland Maynooth) ; Nunes, A.P.F. (UFES - Universidade Federal do espírito Santo) ; Santos, K.R.N. (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Ziccardi, M. (FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz) ; Santos, A.L.S. (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Resumo

Pseudomonas aeruginosa é um patógeno Gram-negativo, multirresistente, causador de infecções graves em pacientes imunocomprometidos. Este patógeno produz diversos fatores de virulência que são essenciais para o processo infeccioso, destacando-se a secreção de proteases, piocianina e a formação de biofilme. Compostos quelantes apresentam um grande potencial terapêutico contra infecções bacterianas devido à capacidade de sequestrar metais essenciais para o metabolismo da célula. Na busca de novos complexos mais efetivos e com menos efeitos colaterais verificou-se que a 1,10-fenantrolina e seus derivados, alteram o funcionamento de uma grande variedade de sistemas biológicos. No presente trabalho avaliamos (i) a produção de fatores de virulência em 96 diferentes amostras clínicas de P. aeruginosa e (ii) os efeitos da 1,10-fenantrolina e de seus derivados 1,10-fenantrolina-5,6-dione (fendio), [Ag(fendio)2]ClO4 (Ag2+-fendio) e [Cu(fendio)3](ClO4)2.4H2O (Cu2+-fendio) sobre múltiplos eventos cruciais à fisiopatologia de P. aeruginosa. Quanto à pesquisa de fatores de virulência, observou-se que todas as 96 amostras clínicas estudadas foram capazes de produzir piocianina, biofilme e proteases, em especial elastase, em diferentes quantidades. Nesse sentido, a produção de piocianina foi maior nas amostras bacterianas isoladas de urina, ao passo que os isolados de boca foram capazes de formar biofilmes mais abundantes e os isolados de secreção pleural capazes de secretar elevados níveis de elastase. Em relação aos efeitos dos inibidores de metalloproteases, observou-se que a concentração mínima capaz de inibir o crescimento bacteriano planctônico foi de 100 μg/ml para 1,10-fenantrolina, 6,25 μg/ml para fendio, 12,5 μg/ml para Ag2+-fendio e 6,25 μg/ml para Cu2+-fendio. Além disto, os compostos foram eficientes na inibição da atividade elastinolítica, de forma dose-dependente, sendo o Cu2+-fendio o composto mais eficaz. Os compostos (6,25 μg/ml) também foram eficientes na inibição da produção de piocianina, inibindo sua secreção em aproximadamente 75%. Observou-se a inibição significativa da formação do biofilme através da redução da biomassa total e da viabilidade celular. Além disto, os compostos foram capazes de desarticular o biofilme maduro de forma dose-dependente. A partir dos resultados obtidos podemos propor que os derivados da 1,10-fenantrolina (fendio, Ag2+-fendio e Cu2+-fendio) foram eficientes em inibir o crescimento bacteriano bem como atenuar a produção de importantes fatores de virulência em P. aeruginosa.