27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:1097-2


Poster (Painel)
1097-2FATORES DE RISCO PARA INFECÇÕES HUMANAS POR Mycobacterium bovis NO BRASIL
Autores:SILVA, M.R. (EMBRAPA - Embrapa Gado de Leite) ; SOUZA, G.N. (EMBRAPA - Embrapa Gado de Leite) ; COSTA, R.R. (FHEMIG - Hospital Regional João Penido. Fundação Hospitalar de MG) ; ARAUJO, F.R. (EMBRAPA CORTE - Embrapa Gado de Corte) ; HYLARIO, S.M. (EMBRAPA - Embrapa Gado de Leite) ; ROCHA, B.B. (UFV - Universidade Federal de Viçosa) ; FARIA, A.C.S. (UFV - Universidade Federal de Viçosa) ; MOREIA, M.A.S. (UFV - Universidade Federal de Viçosa)

Resumo

Embora a maioria dos casos de tuberculose humana (TB) seja causada por Mycobacterium tuberculosis, preocupações com Mycobacterium bovis tem sido expressas e baseiam-se em várias observações. Primeiro, tem havido surtos hospitalares de TB por cepas de M. bovis multidroga resistentes (MDR) entre pacientes hospitalizados portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV). Estes surtos destacam o alto risco que M. bovis MDR tem de se espalhar, especialmente em partes da África, onde animais com M. bovis e humanos com HIV co-existem. Em segundo lugar, o ressurgimento da tuberculose zoonótica entre os imigrantes de regiões onde a tuberculose bovina ainda é prevalente foram documentados. Este estudo teve como objetivo avaliar os possíveis fatores associados respectivamente a co-infecções de M. bovisM. tuberculosis por meio de um estudo de caso-controle aninhado em um estudo transversal. No estudo transversal, que definiu quais micobactérias estavam envolvidas, houve a participação de 189 pacientes com TB. Destes, três (1,6%) apresentaram co-infecções M. bovis-M. tuberculosis. Como casos foram definidos os pacientes que apresentaram evidências de M. bovis, e como controles aqueles que apresentaram somente M. tuberculosis. Foram selecionados 15 controles (TB por M. tuberculosis) para cada co-infecção por M. bovis. Os controles foram pareados por faixa etária (± 10 anos), sexo e tipo de agravo (tanto casos como controles possuíam TB). Co-infecções de M. bovis foram associadas (p ≤ 0,05) tanto ao consumo de queijo não pasteurizado acima de níveis medianos (OR = 4,0), como à exposição zoonótica (OR = 5,7) e também à forma clínica de tuberculose extrapulmonar (OR = 7,8). Verificou-se uma alta taxa de consumo (44%) de queijo não pasteurizado, entre os indivíduos neste estudo. Dois (11,7%) de 17 com TB extrapulmonar, residentes em Juiz de Fora - MG e um (0,6%) dos 170 pacientes com tuberculose pulmonar, residente em Leopoldina – MG apresentaram perfil de M. bovis. Possíveis fontes de infecção de M. bovis foram queijos não pasteurizados, criação de cabras ou ocupações com matadouros. Assim, os riscos para o consumidor de microrganismos zoonóticos veiculados por leite e derivados, entre eles M. bovis, deve ser enfatizado.