27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:1095-1


Poster (Painel)
1095-1bla OXA-48-like: Descrição do primeiro caso no Brasil
Autores:Rozales, F.P. (HCPA - Hospital de Clínicas de Porto Alegre) ; Ribeiro, V.B. (HCPA - Hospital de Clínicas de Porto Alegre) ; Magagnin, C.M. (HCPA - Hospital de Clínicas de Porto Alegre) ; Oliveira, M. (USP - Universidade de São Paulo) ; Martins, A. (CGVS - Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde) ; Falci, D.R. (GHC - Grupo Hospitala Conceição) ; Cassol, R. (GHC - Grupo Hospitala Conceição) ; Dalarosa, M.G. (GHC - Grupo Hospitala Conceição) ; Sampaio, J.L.M. (USP - Universidade de São Paulo) ; Zavascki, A.P. (HCPA - Hospital de Clínicas de Porto AlegreUFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Barth, A.L. (HCPA - Hospital de Clínicas de Porto AlegreUFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

Resumo

Introdução: As OXA-carbapenemases são β-lactamases pertencentes à classe molecular D de Ambler e inclusas no grupo 2d da classificação de Bush. Atualmente, a OXA-48 tem recebido importante destaque no meio científico pois essa enzima não está relacionada com as primeiras OXA-carbapenemases descritas e tem sido identificada principalmente na família Enterobacteriaceae. O primeiro relato foi em um isolado de K. pneumoniae na Turquia e a partir daí a maioria dos casos descritos foram na Europa. O perfil hidrolítico é semelhante às demais OXA-carbapenemases com baixa atividade para os carbapenêmicos e sem atividade para cefalosporinas de amplo espectro e aztreonam. A detecção laboratorial desta enzima é difícil, uma vez que os isolados podem apresentar MICs baixos para os carbapenêmicos e os testes fenotípicos de triagem não são capazes de fazer a detecção. Assim, o objetivo deste trabalho é descrever o primeiro caso de bla OXA-48-like no Brasil. Materiais e Métodos: Foram analisados 249 isolados de Enterobactérias com susceptibilidade reduzida a um dos 3 carbapenêmicos (ertapenem, meropenem, imipenem) como parte de um projeto de vigilância durante a ocorrência de um surto de E. cloacae resistente a carbapenêmicos em um hospital de Porto Alegre. Os isolados foram provenientes de materiais clínicos, swab de vigilância e swab do ambiente. Foi realizado PCR multiplex em tempo real para a pesquisa de NDM, OXA-48, IMP, VIM, KPC e GES. A concentração inibitória mínima para os antimicrobianos foi determinada por microdiluição em caldo. Os dados clínicos dos pacientes foram obtidos a partir do prontuário eletrônico e as informações foram prestadas pelo Serviço de Controle de Infecção do Hospital. Resultados e Discussão: Entre os isolados investigados, foi identificado o gene bla OXA-48-like em um isolado de E. cloacae. O paciente, CS 48 anos, sexo masculino, procedente de Capão da Canoa internou no dia 26/03/2013 para realização de protectomia. Durante sua permanência na UTI, várias amostras de vigilância foram coletadas e na amostra do dia 01/05/13 foi identificado um E. cloacae (bla OXA-48-like) e uma K. pneumoniae (bla KPC) com susceptibilidade reduzida ao ertapenem. O isolado apresentou os seguintes MICs: amicacina 2 µg/mL; cefepime 64 µg/mL; ceftazidima 256 µg/mL; ciprofloxacino 2 µg/mL; piperacilina/tazobactam >512 µg/mL; ertapenem 2 µg/mL; imipenem <0,5 µg/mL; meropenem <0,5 µg/mL; polimixina B <0,125 µg/mL; tigeciclina 0,5 µg/mL; colistina 4 µg/mL; cefuroxima 64 µg/mL. O paciente foi a óbito em 30/05/13 e esse desfecho não foi relacionado ao E. cloacae bla OXA-48-like. Conclusão: Esses dados ressaltam a importância da vigilância dos casos de colonização/infecção por enterobactérias no Brasil, principalmente em pacientes críticos. Cabe ressaltar que o laboratório de microbiologia precisa estar atento para suspeitar de possíveis casos mesmo quando os MICs dos carpabenêmicos forem baixos.