27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:1065-1


Poster (Painel)
1065-1Trypanosoma cruzi: Efeitos dos inibidores de aspártico peptidase do HIV sobre as formas epimastigotas
Autores:Sangenito, L. S (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Souto-Padrón, T (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; D’Avila-Levy, C.M. (FIOCRUZ - Instituto Oswaldo Cruz) ; Branquinha, M. H (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Santos, A. L. S (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Resumo

O agente etiológico da doença de Chagas, Trypanosoma cruzi, infecta 18 milhões de pessoas nas Américas, porém os medicamentos disponíveis contra este organismo apresentam diversos efeitos colaterais e a eficácia da terapia é contestável. Neste contexto, a caracterização de peptidases é de interesse para se entender suas especificidades e também avaliar o seu papel nas infecções parasitárias, explorando-as como novos alvos quimioterápicos. Recentemente, foram descritas as primeiras aspártico peptidases no T. cruzi, abrindo possibilidades para o estudo do seu papel no ciclo de vida do parasito. Baseado nessas colocações, foi iniciada uma abordagem onde foram avaliados os efeitos dos inibidores da aspártico peptidase do HIV (IPs-HIV) sobre as formas epimastigotas da cepa Y do T. cruzi. Foi verificado que os inibidores lopinavir, nelfinavir e ritonavir reduziram drasticamente a viabilidade celular do parasito, onde foram encontrados valores de IC50 respectivamente de 3,8, 7,3 e 6,4 µM. Esses inibidores causaram diversas alterações morfológicas, como inchaço do corpo celular, arredondamento e perda do flagelo. Essa diminuição do corpo celular foi confirmada por citometria de fluxo quando analisados os parâmetros de FSC. Por microscopia eletrônica, foi observado que o tratamento com lopinavir levou a uma grande formação de “blebs” na membrana celular e a alterações nos reservossomas, com o aparecimento de grandes inclusões lipídicas na forma de lâminas. Utilizando-se anticorpos anti-cruzipaína, foi verificado por citometria de fluxo que o lopinavir levou a uma redução na intensidade de fluorescência em cerca de 21%, enquanto que o tratamento com o mesmo inibidor levou ao aumento em 11% na marcação por NileRed. Para verificar se as aspártico peptidases são um dos possíves alvos para esses inibidores, um extrato do parasito foi incubado com um substrato específico para catepsina D. Foi observado a hidrólise proteolítica do substrato, e essa clivagem era inibida quando utilizado o inibidor clássico, pepstatina A, para esta classe enzimática. Já por citometria de fluxo, foi observada reação cruzada pela marcação com anticorpos anti-presenilina e anti-HM13, gerados a partir de sequências de aspártico-peptidases de Leishmania braziliensis. Estes dados sugerem a influência destes inibidores sobre o metabolismo do parasito, principalmente quanto à atividade desempenhada pelos reservossomas.