27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:1052-2


Prêmio
1052-2Indícios de transmissão zoonótica de amostras de Streptococcus dysgalactiae subspécie equisimilis entre humanos e equinos
Autores:Silva, L.G. (UFRJ/IMPG - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Genteluci, G.L. (UFRJ/IMPG - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Glatthardt, T.S. (UFRJ/IMPG - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; de Mattos, M.C. (UFRJ/IMPG - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Figueiredo, A.M.S. (UFRJ/IMPG - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Ferreira-Carvalho, B.T. (UFRJ/IMPG - Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Resumo

Infecções zoonóticas de estreptococos dos grupos C (EGC) são raras e frequentemente relacionadas ao contato do homem com animais ou associadas ao consumo de produtos lácteos não pasteurizados. Em geral tais infecções são causadas por Streptococcus equi subespécie zooepidemicus. Dentre os EGC a espécie S. dysgalactiae subsp. equisimilis (SDSE) é a de maior incidência em humanos, responsável por um número crescente de infecções invasivas. Porém por possuir características e causar uma gama de doenças similares às provocadas por S. pyogenes, sua incidência pode ainda estar sendo subestimada. Em um estudo prévio de nosso grupo, uma coleção de 156 amostras de EGC, isoladas de humanos e equinos entre 1979 e 2009 na região Sudeste do Brasil, foi classificada de acordo com suas espécies (por morfologia colonial e provas bioquímicas) e susceptibilidade aos antimicrobianos (penicilina, eritromicina e tetraciclina). Posteriormente, genes de resistência a eritromicina (ermA, ermB, mef) e tetraciclina (tet K, tetL, tetM, tetO) foram pesquisados por PCR. A maioria das amostras desta coleção (79,5%) foram identificadas como SDSE, e todas essas apresentaram susceptibilidade à penicilina, com CMIs variando entre 0,0075 μg/mL e 0,06 μg/mL. Os índices de resistência a eritromicina e tetraciclina foram de 13,7% e 66,1%, respectivamente, e foram detectados os genes ermA, mef, tetK e tetM. Após restrição com a enzima SmaI, as amostras de SDSE foram avaliadas por PFGE, e observamos a predominância de dois pulsotipos principais: um englobando apenas cepas humanas – pulsotipo A, que se manteve por um período de 29 anos, e o outro com cepas isoladas tanto de humanos quanto de equinos – pulsotipo B, que se manteve por um período de 14 anos. Questões a respeito da possibilidade zoonótica foram levantadas, e a técnica de MLST executada em duas amostras do subtipo B2 – uma de origem humana e outra de origem equina. Verificamos que ambas as amostras pertenciam a um único ST: ST129. Uma vez que não há na literatura relatos de transmissão zoonótica de SDSE pertencentes ao grupo C de Lancefield, este pode ser o primeiro indício dessa possibilidade entre equinos e humanos. Além disso, os resultados do nosso estudo podem auxiliar na identificação e na compreensão da disseminação desse grupo de estreptococos no Brasil, onde dados acerca dos EGC são escassos, e ainda auxiliar clínicos quanto a melhor estratégia de tratamento das infecções causadas por esse grupo de microrganismos.