Resumo

Aspectos fisiológicos e genéticos que caracterizam bactérias dos gêneros Klebsiella e Enterobacter isoladas de cana-de-açúcar ou de casos clínicos humanos Bactérias dos gêneros Enterobacter e Klebsiella são comumente encontradas em associações com as plantas promovendo o crescimento vegetal pela produção de fitormônios, pela solubilização de fosfato e facilitando a captura de nutrientes pela capacidade de reduzir nitrogênio atmosférico a amônia, possibilitando sua assimilação pela planta através de um processo denominado fixação biológica de nitrogênio (FBN). Em contrapartida, infecções por bactérias oportunistas destes mesmos gêneros têm aumentado drasticamente, e os patógenos associados a estas infecções podem ser encontrados em reservatórios naturais como a rizosfera, águas e esgotos e no trato intestinal de animais. Estas infecções costumam ter uma origem nosocomial, atingindo pacientes imunodeprimidos, sendo necessárias terapias antimicrobianas com antibióticos de amplo espectro. Tendo em vista os benefícios que estes gêneros bacterianos podem trazer à agricultura, faz-se necessária a análise do potencial de patogenicidade destas cepas para o uso seguro em campo como um possível biofertilizante. Este trabalho teve por objetivo realizar testes fisiológicos e moleculares para comparar amostras ambientais com clínicas em relação à resistência a antibióticos, capacidade de fixar N², produção de substâncias promotoras de crescimento vegetal e distância filogenética. Foram utilizadas 25 amostras ambientais isoladas de cana-de-açúcar, 10 amostras de origem clínica e 5 provenientes de efluentes urbanos. As amostras ambientais se mostraram mais sensíveis a onze dos doze antibióticos testados e as clínicas apresentaram resistência a todos antibióticos. Isolados ambientais de Enterobacter foram melhores produtores do fitormônio etileno, enquanto isolados clínicos de Klebsiella foram melhores produtores em relação aos isolados ambientais. Nenhuma amostra foi classificada como β-hemolíticas. O gene nifH foi encontrado em 92% das amostras ambientais e 40% dos isolados clínicos. 80% dos isolados clínicos foram capazes de solubilizar fosfatos, enquanto 76% isolados ambientais apresentaram esta característica. Após o sequenciamento de genes “housekeeping” (16S, rpoB e gapA) serão construídas as árvores filogenéticas, para análise da similaridade genética.