27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:1000-1


Poster (Painel)
1000-1EFEITO DO ESTRESSE FRIO NA SENSIBILIDADE DE Salmonella Typhimurium AO TRATAMENTO COM LANTIBIÓTICOS
Autores:GALVÃO, M.F. (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais) ; PRUDÊNCIO, C.V. (UFV - Universidade Federal de Viçosa) ; VANETTI, M.C.D. (UFV - Universidade Federal de Viçosa)

Resumo

Os lantibióticos são bacteriocinas caracterizadas pela presença de anéis de lantionina, formados por modificações pós-traducionais. Possuem duplo mecanismo de ação, sendo capazes de alterar a permeabilidade celular, a partir da formação de poros, e de interferir na síntese da parede celular. Dentre esses peptídeos antimicrobianos, têm-se como exemplos a nisina, sintetizada por Lactococcus lactis, e a bovicina HC5, produzida por Streptococcus bovis HC5. Em geral, a membrana externa de bactérias gram-negativas, como Salmonella, confere resistência a esses peptídeos, por atuar como uma barreira efetiva, impedindo a difusão do lantibiótico até o seu sítio de ação. Contudo, se a permeabilidade da membrana externa for alterada, bactérias gram-negativas podem mostrar sensibilidade a essas bacteriocinas. O objetivo deste estudo foi demonstrar o efeito do estresse frio na sensibilidade de Salmonella aos lantibióticos. Para isso, Salmonella enterica sorovar Typhimurium ATCC 14028 foi inoculada (108 UFC.mL-1) em caldo BHI e submetida ao estresse frio (- 26 ± 1 ºC por 2 h). As células foram recuperadas por centrifugação e inoculadas, em uma concentração de 105 UFC.mL-1, em salina 0,85% acrescida de glicose (22 mM) e nisina ou bovicina HC5 (500 AU.mL-1, pH 6,5). Nos tempos 0, 20, 40 e 60 min e 6 h de incubação a 37 °C, amostras foram retiradas para determinação do número de células viáveis. Células inoculadas nas mesmas condições, mas sem a presença de bacteriocinas, foram utilizadas como controle. O estresse frio reduziu significativamente (p < 0,05) o número de células viáveis em dois ciclos logarítmicos. O tratamento com ambas as bacteriocinas exerceu efeito antimicrobiano significativo sobre Salmonella Typhimurium, sendo bovicina HC5 mais eficiente do que nisina. O tratamento com nisina diminuiu o número de células viáveis em 3,2 ciclos logarítmicos após 20 min de incubação. No mesmo período, quando utilizou-se bovicina HC5, a população foi reduzida abaixo do limite de detecção da técnica (10 UFC.mL-1). Resultados semelhantes com nisina só foram observados após 6 h de tratamento. Nos controles sem bacteriocina, houve significativo (p < 0,05) aumento do número de células viáveis durante as 6 h de incubação. Este estudo demonstra que, nas condições usadas, bovicina HC5 é mais eficiente que nisina e que Salmonella Typhimurium, quando submetida previamente ao estresse frio, torna-se sensível aos lantibióticos nisina e bovicina HC5.