Resumo

Em 1988 deu-se inicio a utilização da vacina conjugada contra Haemophilus influenzae b (Hib) ocasionando acentuada diminuição de surtos por esta bacteria em berçários e creches, assim como dos portadores, tanto em crianças vacinadas como não vacinadas. No entanto, em muitos países, sobretudo os em desenvolvimento uma grande variedade de infecções causadas por especies de Haemophilus, variando desde doenças infecciosas, facilmente curáveis como conjuntivite e otite média, até as que são potencialmente perigosas como pneumonias, meningite e pericardite. Dados mundiais sobre as taxas de colonização da naso/orofaringe pelo Hi mostram que estas taxas variam de acordo com a região geográfica, faixa etária, condição clínica do portador, entre outras variáveis. Portanto a importância deste estudo está associada a necessidade de verificar a situação de portadores, em uma população fechada(Creche) para contribuir com o conhecimento da situação do Hi após 13 anos da vacinação contra Hib no Brasil. Este projeto foi previamente submetido ao Comitê de Ética da FIOCRUZ. Após a aprovação realizou-se a coleta de material da nasofaringe de 73 crianças de 2 a 6 anos de idade, todas de uma creche municipal em Jacobina, Bahia. Com auxilio de swab estéril, o material foi coletado e transportado em meio de Stuart até o laboratório onde foi semeado em ágar chocolate (base M Hinton) contendo 10% de sangue estéril de cavalo, 1% dos fatores VX (NAD e Hematina) e sol. estéril de bacitracina de 300mg/mL. Após a obtenção de colonias puras, sugestivas de Hi, as mesmas foram estocadas a –20ºC e liofilizadas.Encontrou-se uma taxa de 78% de HiNT. O biotipo prevalente foi o III. Foram avaliadas cepas em relação à amoxicilina/ácido clavulânico, ceftriaxona, rifampicina, cloranfenicol sendo todas sensíveis. Resistentes à ampicilina (41,8%) e a sulfametoxazol+trimetoprim (67,2%). Encontramos também cepas produtoras de &ß-lactamase e não produtoras mas resistentes a ampicilina. O gene blaTEM foi encontrado em 82%. O blaROB não foi encontrado. Concluimos neste estudo a confirmação da eficácia da vacina conta Hib porém há necessidade de vigilância para os HiNT, já que apresentou alto percentual de colonização e de resistência a alguns antimicrobianos.Torna-se também necessário avaliar as possibilidades de um novo papel ecoepidemiológico e clínico de Hi não b (Hinb), onde inclui-se o HiNT, assim como o impacto que estes sorotipos poderão causar em quadros infecciosos e até nortear novas vacinas.