27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:954-1


Poster (Painel)
954-1PERFIL DE SUSCEPTIBILIDADE in vitro DE ISOLADOS CLÍNICOS DE Aspergillus PERTENCENTES À SEÇÃO Fumigati IDENTIFICADOS ATRAVÉS DE ABORDAGEM POLIFÁSICA
Autores:Negri, C.E. (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo) ; Gonçalves, S.S. (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo) ; Xafranski, H. (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo) ; Colombo, A.L. (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo)

Resumo

Espécies do gênero Aspergillus são responsáveis pela 2ª e/ou 3ª maior ocorrência de infecções fúngicas invasivas (IFIs) em hospitais terciários. IFIs por espécies deste gênero são de difícil diagnóstico e estão associadas à alta mortalidade. A instituição precoce de terapêutica adequada é um importante fator para reduzir as taxas de mortalidade. Para que a terapêutica correta seja estabelecida é imprescindível a identificação apurada da espécie de Aspergillus envolvida no processo infeccioso, uma vez que diferentes espécies podem apresentar distintos perfis de susceptibilidade aos antifúngicos. O objetivo do presente estudo foi analisar a distribuição das espécies da seção Fumigati em 134 amostras clínicas de Aspergillus spp. e avaliar a ocorrência de cepas resistentes a antifúngicos. A identificação dos isolados foi realizada pela abordagem polifásica, que incluiu análise macro e micromorfológica em meios CZK, MEA e PDA, termotolerância e sequenciamento (ITS, calmodulina e &beta-tubulina), sendo que o perfil de susceptibilidade a antifúngicos das cepas foi realizado utilizando microdiluição em caldo (M38-A2, CLSI) frente a itraconazol (ITR), voriconazol (VRC) e posaconazol (PSC). Dos 134 isolados de Aspergillus spp. avaliados, 70 isolados pertenciam a seção Fumigati (52%), sendo que 69 apresentaram macro e micromorfologia sugestivas de A. fumigatus e 1 de Neosartorya spp.. A. fumigatus obteve crescimento em todos os meios estudados e em todas as temperaturas avaliadas (15, 25, 37, 42, 50°C), entretanto a Neosartorya não cresceu em temperaturas >42°C. Através do sequenciamento dos genes estudados, foi possível identificar 69 isolados como A. fumigatus e 1 como N. pseudofischeri, corroborando com os achados morfológicos. Do total de 69 isolados de A. fumigatus, apenas 1 (1,5%) foi resistente aos 3 triazólicos (CIM=2 μg/mL) e 4 (5,8%) apresentaram resistência somente a VRC (CIM≥2 μg/mL). N. pseudofischeri foi resistente a ITR e VRC (CIM=2 e 16 μg/mL, respectivamente) e sensível a PSC (CIM=0,5 μg/mL). Dada à relevância de Aspergillus como agente causador de IFI e a falta de dados clínicos epidemiológicos no Brasil, trabalhos nessa área são de extrema importância, uma vez que o mesmo permite o entendimento aprimorado sobre a prevalência e o comportamento biológico de diferentes espécies de Aspergillus no nosso meio, gerando conhecimento que contribuirá para estabelecer medidas terapêuticas mais adequadas com a nossa realidade.