27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:948-1


Poster (Painel)
948-1Avaliação do crescimento de Micobactérias de Crescimento Rápido em concentrações subinibitórias de glutaraldeído
Autores:Sabagh, B.P. (INCQS/FIOCRUZ - Inst. Nac. Cont. Qualidade em Saúde/Fundação Oswaldo Cruz) ; Castro, C.F.G (INCQS/FIOCRUZ - Inst. Nac. Cont. Qualidade em Saúde/Fundação Oswaldo Cruz) ; Polycarpo, C.R. (UFRJ - Instituto de Bioquímica/UFRJ) ; Chapearouge, D.A. (IOC/FIOCRUZ - Instituto Oswaldo Cruz/ Fundação Oswaldo Cruz) ; Villas Bôas, M.H.S. (INCQS/FIOCRUZ - Inst. Nac. Cont. Qualidade em Saúde/Fundação Oswaldo Cruz)

Resumo

Em 2008, a Anvisa divulgou uma nota técnica, informando que de 2003 até 2008 haviam sido notificados mais de 2.000 casos de infecções hospitalares por Micobactérias de Crescimento Rápido em hospitais particulares do país, relacionadas principalmente a procedimentos videolaparoscópicos. Algumas dessas infecções tiveram como fator comum a predominância de um determinado clone de Mycobacterium abscessus subsp. bolletii e acometeram principalmente a pele e o tecido celular subcutâneo. Após a ocorrência desses surtos por MCR, várias medidas foram tomadas pela Anvisa, entre elas, a suspensão da esterilização química por imersão de instrumental cirúrgico e produtos para a saúde, pelo uso de qualquer agente esterilizante líquido. As investigações promovidas pela Anvisa concluíram que os surtos se deviam a falhas no reprocessamento de equipamentos médicos críticos, que eram esterilizados principalmente pelo uso de glutaraldeído a 2%. Essas decisões se basearam em observações empíricas, pautadas exclusivamente na observação do que estava ocorrendo na prática hospitalar. Até hoje não foi elucidada a relação de M. abscessus subsp. bolletii e a sua alta tolerância ao glutaraldeído. Assim esse estudo, tem por objetivo principal analisar o comportamento de espécies de M. abscessus frente a concentrações subinibitórias de glutaraldeído (CSI) através da análise do proteoma e da formação de biofilme. Para determinar a CSI do glutaraldeído, às MCR envolvidas diretamente com o surto (M. abscessus subsp. bolletii INCQS 00594, e um isolado clínico de M. abscessus subsp. bolletii (CRM 0019)) e as de referência (M. abscessus ATCC 19977, M. fortuitum ATCC 6841, M. smegmatis PRD#1) foram inoculadas em várias concentrações de glutaraldeído em caldo Proskauer-Beck (0,5, 1,0, 1,5 e 2,0%), e os tubos foram incubados por 7 dias a 36°C. Todas as MCR cresceram na concentração de 0,5%. M. fortuitum e M. smegmatis não cresceram na concentração de 1,0% e, apenas M. abscessus subsp. bolletii e CRM 0019 cresceram em 1,5%. Em 2,0% nenhuma das MCR apresentou crescimento. Esses resultados preliminares confirmaram a capacidade da espécie M. abscessus em sobreviver e se desenvolver no glutaraldeído e podem justificar a ocorrência dos surtos. Porém, estudos mais aprofundados serão realizados com objetivo de se determinar qual característica microbiana seria responsável por essa capacidade.