Resumo

INTRODUÇÃO. A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pelo bacilo Mycobacterium leprae. No Ceará é observado o aumento do número de casos novos de hanseníase. A infecção de indivíduos suscetíveis acontece principalmente pela inalação de bacilos eliminados pelas vias aéreas superiores de pacientes multibacilares. A transmissão é influenciada por fatores genéticos do hospedeiro, estado nutricional, vacinação com BCG e taxa de exposição ao M. leprae ou outras micobactérias. Acredita-se que o contato com fatores ambientais também atue como fonte de infecção, citam-se água, solo e alguns animais. O papel exato do ambiente na dinâmica de transmissão ainda é especulativo. Assim, este estudo teve como objetivo avaliar a presença do M. leprae em amostras de água coletadas em áreas endêmicas e não endêmicas dos municípios de Juazeiro do Norte, Crato, Sobral, Boa Viagem e Mulungu. MATERIAIS E MÉTODOS. Foram coletadas cinco amostras de água de 30 reservatórios distribuídos nos cinco municípios estudados, totalizando 150 amostras. Durante o transporte uma amostra foi danificada, totalizando assim, 149 amostras. As amostras coletadas foram provenientes de açudes, riachos, rios, balneários recreativos e outros. O DNA do M. leprae foi extraído com o kit PowerWater DNA Isolation (Mo Bio) e a PCR para a amplificação dos ácidos nucleicos realizada através do kit Master Mix (Qiagen) para obtenção do produto de 187pb relativo ao gene gyrA, visualizado em gel de agarose a 1% corado por brometo de etídio. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS. O DNA do M. leprae foi detectado em todos os municípios estudados. Juazeiro apresentou 17 amostras positivas (17/25), correspondendo a uma positividade de 68%, Crato apresentou cinco amostras positivas (5/20) obtendo uma positividade de 25%, Sobral apresentou 14 amostras positivas (14/40) com 35% de positividade. Já os municípios de Boa Viagem e Mulungu apresentaram ambos 16 amostras positivas (16/34 e 16/30), apresentando 47% e 53% de positividade cada um, representando ao todo 45,6% de positividade nas amostras coletadas. Os produtos de PCR obtidos foram confirmados por sequenciamento. CONCLUSÃO. Este estudo indica a presença de DNA de M. leprae nas amostras de águas ambientais. Diante disso, as coleções de água dos municípios estudados representam possíveis reservatórios do bacilo e fonte de transmissão da doença para a comunidade.