Resumo

Introdução: Os lactobacilos são os micro-organismos mais prevalentes do conteúdo vaginal de mulheres saudáveis em menacme. Eles protegem a mucosa contra o estabelecimento de patógenos, incluindo aqueles associados à vaginose bacteriana (VB), o tipo de vaginite mais comum entre as mulheres em idade reprodutiva. Objetivos: Propor um modelo para o estudo da VB e avaliar a capacidade probiótica em modelo animal desafiado experimentalmente com Gardnerella vaginalis ATCC® 14018 de Lactobacillus crispatus, isolado do ecossistema vaginal de mulher saudável em menacme, que apresentou melhor resultado quanto à produção de substâncias antagonistas, ao perfil de susceptibilidade aos antibióticos, à hidrofobicidade da superfície celular e à capacidade de adesão in vitro. Materiais e métodos: Vinte e oito fêmeas de camundongos convencionais NIH (28 dias de idade, 20-25g) foram distribuídas entre o grupo controle (NaCl 0,9% p/v) e os grupos experimentais (L. crispatus 04, G. vaginalis ATCC® 14018 + L. crispatus 04 e G. vaginalis ATCC® 14018). Todos os animais receberam 0,5 mg de estradiol via subcutânea 3 dias antes da administração intravaginal do lactobacilo (10⁹ UFC/mL) e do desafio com o patógeno (10⁷ UFC/mL), previamente cultivados, respectivamente, em caldo MRS e ágar vaginalis a 37 ^oC, sob anaerobiose. Os inóculos suspendidos em NaCl 0,9% (p/v) foram administrados com uma microponteira estéril. Amostras dos tecidos vaginais de todos os grupos foram submetidas ao exame anatomopatotológico. Discussão dos resultados: O rompimento do equilíbrio microbiológico constitui a base desta complexa doença, o que implica que o tratamento deve ser baseado na correção da disbiose sem causar impacto negativo sobre a microbiota lactobacilar residente. A existência de estudos que investigam a melhor alternativa para o tratamento desta infecção é consequência das baixas taxas de cura e dos altos índices de recorrência reportados com os tratamentos atualmente preconizados. Conclusão: O uso do modelo murino de VB em camundongos convencionais da linhagem NIH permitiu observar que a amostra L. crispatus 04 protegeu contra a infecção experimental com G. vaginalis ATCC® 14018, evidenciada pela redução nas lesões histopatológicas provocadas por esta bactéria.