Resumo

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2013, estima-se, para o Brasil, 50.790 casos novos de câncer orogástrico (oral, laringe, esôfago e estômago). Os principais fatores de risco biológico para estes tipos de câncer incluem infecções por Helicobacter pylori(estômago), HPV (oral e esôfago) e infecções orais por fungos, especialmente nos casos de tumor de esôfago. Considerando a imunossupressão, inerente ao paciente com câncer, e a colonização da mucosa oral por Candida spp., infecções oportunísticas por estes fungos tormam-se frequentes. Foram objetivos deste trabalho a identificação das espécies de Candida presentes na mucosa oral de pacientes com câncer orogástrico, a determinação do perfil de susceptibilidade aos antifúngicos e a análise de fatores de virulência. Foram incluídos 26 pacientes com diagnóstico clínico confirmado para o câncer orogástrico portadores de Candida spp. (COG-C) e 10 indivíduos sem câncer, também portadores da levedura (grupo controle). Amostras de swabs orais foram semeadas em ágar Sabouraud dextrose e repicadas em CRHOMagar Candida. As espécies de Candida foram identificadas pelo método do microcultivo em lâmina e confirmadas pela PCR Multiplex. Para todas as amostras de levedura foram realizadas a pesquisa de produção de fosfolipase e proteinase, a aderência em célula epitelial bucal (CEB) e a concentração inibitória mínima frente ao fluconazol, voriconazol, anfotericina B, isoconzazol e cetoconazol. C. albicans foi a espécie mais prevalente, tanto nos pacientes COG-C (59,26%) quanto no grupo controle (50%). As amostras de Candida provenientes dos indivíduos COG-C apresentaram maior aderência às CEB (p=0,05) do que aquelas do grupo controle. A produção de fosfolipase pelas amostras de Candida dos indivíduos COG-C foi maior (55,6%) do que as do grupo controle (50%). Proteinase foi detectada em 37% e 10% das amostras de Candida de indivíduos COG-C e grupo controle, respectivamente. Foram observadas maiores taxas de resistência para fluconazol (82%) e voriconazol (78%) nas amostras de indivíduos COG-C. No grupo controle, 100% das amostras apresentaram resistência a anfotericina B, fluconazol, voriconazol e cetoconazol, enquanto10% foram sensíveis ao isoconazol. Estes dados sugerem maior virulência das leveduras isoladas dos indivíduos COG-C, embora as mesmas demonstrem maior susceptibilidade aos antifúngicos.