27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:851-2


Poster (Painel)
851-2Avaliação da Produção de Carbapenemases em Enterobactérias Isoladas de Leite Mastítico Bovino na Região Sul-Fluminense
Autores:SANTIAGO, G.S. (UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) ; ROJAS, A. C. C. M. (UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) ; MOTTA, C. C. (UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) ; SOUZA, M. M. S. (UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) ; COELHO, S. M.O (UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro)

Resumo

A ocorrência de enterobactérias produtoras de carbapenemases tem aumentado ao longo dos anos. Este grupo fenotípico é constituído por uma combinação heterogênea de betalactamases de classe A (penicilinases), classe B (metaloenzimas) e classe D (oxacilinases) e partilham a capacidade de hidrolisar uma classe específica de antibióticos β-lactâmicos, os carbapenemas. As carbapenemases conhecidas até o momento são: IMP, VIM, GES/IBC, e a mais recentemente descoberta NDM – encontrada pela primeira vez em 2008, na Índia e, em 2013, confirmada no estado do Rio Grande do Sul. Mas poucos dados estão disponíveis na literatura sobre a ocorrência de cepas produtoras destas enzimas em animais, especificamente em relação à mastite bovina. Logo, o presente estudo objetivou trabalhar com enterobactérias isoladas de amostras de leite mastítico de modo a buscar fenotipicamente a produção de carbapenemase. Foram identificadas 42 enterobactérias a partir de 381 amostras de leite, sendo as espécies prevalentes Proteus mirabilis e Escherichia coli. O teste de dupla-difusão com discos de Imipenem e Ertapenem foi realizado como triagem, seguido do Teste de Hodge Modificado (THM). Um total de 9,5% (4/42) foi resistente ao Imipenem, sugestivo da produção de carbapenemases, todos pertencentes à espécie P. mirabilis. Após a realização do THM, foi necessário realizar uma adaptação na técnica, uma vez que foi impossível de ser realizada em ágar Mueller Hinton, conforme recomendação do CLSI (2012), devido à intensa motilidade de P.mirabilis. O teste então foi realizado em ágar Cled e não confirmou a produção de carbapenemase, indicada na triagem. Desta forma, pode-se suspeitar que a resistência aos carbapenemas seja devido à perda ou diminuição da expressão de porinas, como vem sendo relatada em diversas regiões do mundo e em diferentes espécies dessa família. A seleção in vivo de mutantes deficientes em porinas são originadas de espécies produtoras de AmpC ou ESBL que foram expostas a terapias prévias com antibióticos carbapenêmicos. Considerando que os carbapenemas são praticamente os únicos antibióticos utilizados no controle de infecções causadas por bactérias Gram negativas multirresistentes, o aparecimento de tal resistência é, de fato, preocupante.