Resumo

A espécie Cryptococcus gatti é uma levedura encapsulada causadora da Criptococose e que comumente acomete hospedeiros imunocompetentes. O tratamento convencional da Criptococose é determinado por uma terapia antifúngica prolongada, geralmente com o uso de Fluconazol e Anfotericina B. Entretanto, essa terapia se caracteriza pela alta toxicidade e pode estar envolvida na emergência de cepas resistentes. Esta emergência, por sua vez, pode ser provocada pelo uso de pesticidas; herbicidas e inseticidas nas culturas de eucaliptos onde o micro-organismo é encontrado. Dentre os diversos compostos químicos utilizados em grande escala como protetores dessas culturas, os herbicidas Glifosato, Flumioxazin, Isoxaflutol e os inseticidas Fipronil e Pendimentalina foram selecionados para os testes deste trabalho. Nesse contexto, estes compostos foram selecionados para a determinação de suas concentrações inibitórias mínimas (CIMs) frente a onze isolados, sendo nove de origem clínica e dois ambientais; e duas cepas de referência de Cryptococcus gatti. O teste de microdiluição em caldo foi realizado segundo a metodologia proposta pelo Clinical and Laboratory Standards Institute – CLSI documento M27-A3. As CIMs dos compostos variaram de 8 a 128 µg/mL. Somente o composto Flumioxazin apresentou uma redução de 100% na concentração menor que 8 µg/mL para 8 isolados, 16 µg/mL para 4 isolados e 32 µg/mL para apena 1 linhagem. Uma concentração maior que 128 µg/mL foi determinada como a concentração inibitória mínima resultante para os demais compostos testados. As linhagens de Cryptococcus gatti testadas somente foram susceptíveis ao herbicida Flumioxazin, o que demonstra a possível ação seletiva deste composto na comunidade microbiana resultando, dessa forma, na emergência de estirpes resistentes.