Resumo

O leite é o produto de origem animal mais consumido pela população brasileira, especialmente por crianças e idosos. A demanda por alimentos de boa qualidade levou a introdução dos alimentos orgânicos no mercado. Neste trabalho foi avaliada a qualidade microbiológica de amostras de leite orgânico (LO) e de leite não orgânico (LnO) comercializados em três bairros da Zona Sul do Rio de Janeiro, assim como o perfil de resistência a antibióticos apresentado por coliformes termotolerantes isolados de LO. Foram analisadas 18 amostras de leite, sendo nove de LO e nove de LnO. A quantificação de coliformes termotolerantes e a análise de Salmonella sp. foram realizadas segundo a Instrução Normativa 62 do Ministério da Agricultura. O isolamento de coliformes termotolerantes foi feito em meio EMB e as colônias que apresentaram características típicas de E. coli foram selecionadas, identificadas com o kit Painel para enterobactérias®(PROBAC) e submetidas ao antibiograma pela técnica de disco-difusão segundo o CLSI. Nenhuma das colônias típicas de Salmonella isoladas nos meios de cultura Bismuto Sulfito, Rambach ou XLD foram confirmadas nas provas bioquímicas. Apenas duas amostras de LO apresentaram contagens de coliformes termotolerantes, porém, os valores encontrados estavam dentro dos permitidos pela legislação vigente. Destas amostras, foram selecionadas dez colônias típicas suspeitas de E. coli, que, surpreendentemente, foram identificadas como: Citrobacter freundii (30%), Klebsiella pneumoniae (20%), Enterobacter cloacae (10%), Cronobacter sakazakii (Enterobacter sakazakii) (10%), Klebsiella sp. (10%). Dois isolados (20%) não foram identificados pelo Kit utilizado. Três isolados, E. cloacae M3.8, K. pneumoniae M1.35 e Cronobacter sakazakii M1.37, apresentaram um perfil de multirresistência, uma vez que foram resistentes a antibióticos de 3 classes diferentes. Os demais isolados foram resistentes a um ou dois dos antibióticos avaliados. Apesar dos isolados não serem identificados como E. coli, as estirpes isoladas pertencem a gêneros ou espécies de bactérias potencialmente patogênicas ou oportunistas, que podem causar infecções em pessoas imunocomprometidas. Os produtos que possuem o selo orgânico devem ser produzidos sem a utilização antibióticos, hormônios e drogas veterinárias, portanto a presença de bactérias com perfil de resistência aos antibióticos em LO indica a necessidade de investigação da origem da resistência destes isolados.